Fundado em Belo Horizonte há 39 anos pelos irmãos Pederneiras, o Grupo Corpo é exemplo de como uma família mineira pode, trabalhando unida, obter enorme sucesso profissional, cada um atuando em sua área de competência: Rodrigo, o coreógrafo; Pedro, o engenheiro e diretor de palco; Paulo, o diretor artístico e cenógrafo, único dos irmãos que jamais foi bailarino; Miriam, a ensaiadora; e José Luiz, o fotógrafo oficial do grupo. Suas idades variam de 55 a 63 anos.
Esses irmãos aprenderam a superar limites, desde a estreia, em 1976, com o balé “Maria Maria”. A música foi encomendada a Milton Nascimento e o roteiro a Fernando Brant, ambos mineiros, mas o coreógrafo era o argentino Oscar Araiz. A peça ficou seis anos em cartaz e, com o lucro, foi construída a sede do Grupo Corpo, em Belo Horizonte.
Enquanto a peça de estreia era apresentada em vários países, o grupo mineiro de balé encenou mais seis coreografias, assinadas agora por Rodrigo Pederneiras, o entrevistado desta segunda-feira do Hoje em Dia. Desde que surgiu, o Grupo Corpo introduziu no seu repertório 35 coreografias e fez mais de 2.200 recitais mundo afora. Mas não parou aí: criou a mais conhecida escola de balé de Belo Horizonte, além de um projeto social e do Instituto Cultural Corpo.
Durante boa parte dessa história de sucesso, o Grupo Corpo teve o patrocínio da Petrobras, que pediu exclusividade. Os primeiros patrocinadores, como a Fiat Automóveis, ficaram no prejuízo. A estatal de petróleo tinha interesse no patrocínio, por causa da fama do Corpo no exterior, onde a Petrobras se expandia. Conforme o coreógrafo, esse patrocínio cobre menos da metade dos custos. O Grupo Corpo emprega cerca de 60 pessoas com carteira assinada, incluindo 22 bailarinos.
A despesa aumenta durante as viagens ao exterior, pois implica gastos com passagens aéreas e hotéis para 32 pessoas, entre bailarinos e pessoal técnico. “Temos que matar um leão por dia”, disse o entrevistado, procurando desmentir que o grupo esteja milionário.
Se dependesse só do patrocínio, o Grupo Corpo estaria com seu futuro ameaçado, pois nos últimos anos o valor diminuiu. Como foi publicado pela imprensa no fim de semana, a Petrobras sofre pressões para elevar os investimentos, ao mesmo tempo em que o caixa diminui por causa do controle de preço dos combustíveis, para segurar a inflação. Entre investir em novas refinarias e patrocinar a arte, restam poucas dúvidas sobre a opção que será feita.
A Petrobras deve terceirizar parte dos investimentos, estimados inicialmente em US$ 30 bilhões, para iniciar a construção de duas novas refinarias, uma no Ceará, outra no Maranhão. E o Corpo vai buscar mais patrocinadores para sua maravilhosa fábrica de sonhos. As duas empresas têm uma longa história de sucesso que deve continuar.