Homenagens a Mandela e a esperança de mais paz

Hoje em Dia
11/12/2013 às 07:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:43

Não podia ser melhor a data escolhida para as homenagens a Nelson Mandela no estádio Soccer City, em Johanesburgo. Foi num dia 10 de dezembro que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Depois a data foi escolhida como Dia Internacional dos Direitos Humanos.

É nesse dia que o vencedor do Nobel da Paz recebe, a cada ano, esse prêmio. Uma distinção que foi concedida a Mandela, em 1993, um ano antes de o líder antiapartheid ser eleito o primeiro negro a presidir a África do Sul. E a Barack Obama, em 2009, primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Obama foi o primeiro chefe de Estado a discursar, na manhã de ontem, no estádio Soccer City, na presença de 90 mil sul-africanos e dirigentes de uma centena de países. Entre estes, Dilma Rousseff, que viajou no mesmo avião com os ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e Luiz Ignácio Lula da Silva.

Antes de iniciar seu discurso, o presidente dos Estados Unidos apertou a mão do presidente de Cuba, Raúl Castro, irmão e sucessor de Fidel. Um gesto histórico, pois há mais de meio século, desde que Cuba fez opção pelo comunismo, os dois países se tornaram adversários. Segundo um funcionário do governo dos EUA, o aperto de mão foi uma “nova demonstração” da vontade da administração Obama de se aproximar dos inimigos. A ocasião não podia ser mais propícia.

Filho de um negro africano e de uma mãe branca norte-americana, Obama afirmou que os povos de todas as raças têm muito a agradecer ao líder da luta contra a discriminação racial. Foi muito aplaudido. Aludindo aos 27 anos em que Mandela viveu preso, disse que “as ideias não se podem conter nos muros de uma prisão”.

Falando em seguida, em português, como representante dos países sul-americanos, a presidente brasileira, que também esteve presa durante a ditadura militar, afirmou que Mandela “conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano na história contemporânea”.

Primeira mulher eleita presidente no Brasil, Dilma é uma defensora dos direitos humanos, conforme tem declarado repetidamente. Ex-presa política, conheceu de perto as más condições de nossas prisões, nas quais se encontram, atualmente, alguns antigos companheiros de luta, como José Dirceu, condenados pelo Supremo Tribunal federal no processo do “mensalão petista”.

É um bom motivo para que dê mais atenção ao nosso sistema carcerário. Ele mantém prisioneiros aproximadamente 550 mil condenados, em penitenciárias feitas para abrigar pouco mais de 300 mil. Além de outros 200 mil presos que se acham amontoados em cadeias, à espera de julgamento. Apesar dos avanços sociais propalados pelo governo, nesse aspecto o Brasil está longe de respeitar os direitos humanos.  

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