Empresários são presos por receptação de fios furtados em BH

Bruno Inácio
Publicado em 26/09/2019 às 16:32.Atualizado em 05/09/2021 às 21:57.
 (Polícia Civil)
(Polícia Civil)

Quatro empresários foram presos nesta quinta-feira (26) em uma operação conjunta da Polícia Civil com as Guardas Municipais de Belo Horizonte e Contagem, para coibir crimes de furtos de cabos de energia elétrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nas casas e imóveis deles, foram encontradas meia tonelada de cobre, baterias e chapas de ferro extraídas de estruturas da cidade.

As prisões foram feitas por causa dos recentes casos de furtos de fios de cobre de semáforos, postes, centros de saúde e até do metrô de Belo Horizonte. Dentre os quatro detidos está um homem de 62 anos, dono de um ferro-velho no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital. Ele já foi preso nove vezes e lucra com o crime desde 1985.

Os outros três presos moram na Pampulha, em BH, e nas cidades de Betim e Contagem, na Região Metropolitana. Segundo o delegado Wagner Sales, chefe do 1º Departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte, há uma diferença clara entre quem furta os cabos e os que realmente ganham dinheiro com isso. “Normalmente, quem furta são pessoas situação de vulnerabilidade social, em situação de rua ou usuário de drogas, que arriscam a vida para cometer estes crimes. Esses receptadores, que revendem esse material, são os que efetivamente ganham dinheiro”, afirmou.

Já para o delegado Hugo Arruda, chefe da Delegacia Regional Noroeste, os empresários movimentam grande quantidade de materiais e, para que fossem presos, foi preciso um trabalho de rastreamento envolvendo órgãos da receita estadual e da Prefeitura de Belo Horizonte. “Eles fazem altas vendas sem uso de notas fiscais, com materiais adulterados e, por estarem presos, agora a prefeitura pode cassar o alvará de funcionamento. O trabalho tem que ser esse, de repressão qualificada”, comentou.

Os quatro homens foram detidos em flagrante e a prisão por receptação qualificada, crime pelo qual foram presos, prevê pena de três a oito anos de prisão. Dois deles tinham também armas de fogo e munições e, por isso, podem pegar até mais seis anos de cadeia.

Para Arruda isso mostra que o furto de cabos sustenta um ciclo do crime. “Começa com o usuário, que furta para sustentar o seu vício, acaba financiando o tráfico, e dos receptadores outros crimes são cometidos”, sustentou.

Prejuízos

Além da polícia, órgãos oficiais têm trabalho por causa deste tipo de crime. Segundo Geórgia Ribeiro, diretora do Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), de janeiro a agosto deste ano foram 297 ocorrências de furto só em semáforos na capital. “Isso sem contar cabos de luz, postos de saúde, redes de telefonia, e etc. Foram mais de R$ 100 mil gastos repondo esses materiais, sem contar o transtorno para a cidade”, avaliou.

No metrô, as ocorrências fazem com que trens precisem circular em velocidade reduzida ou parem em trechos. Nas últimas duas semanas foram furtados 10 metros de cabos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A estação Lagoinha ficou três dias funcionando por geradores.

Em Contagem, a estratégia da Guarda Municipal tem sido fazer patrulhas preventivas em postos de saúde e regiões onde este tipo de crime mais acontece. Já em BH, a Guarda faz patrulhas com homens em motos nos postos de saúde e age em conjunto com o COP-BH.

“Assim que um semáforo para de funcionar no sistema, nós imediatamente acionamos a Guarda e muitas vezes conseguimos prender os suspeitos em flagrante”, disse Ribeiro.

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