Leptospirose pode se manifestar até 30 dias após contato com água contaminada da chuva

Juliana Baeta
jcosta@hojeemdia.com.br
31/01/2020 às 12:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:29
 (Assessoria de Comunicação Prefeitura de Raposos/Divulgação)

(Assessoria de Comunicação Prefeitura de Raposos/Divulgação)

Com a chuva invadindo a casa das pessoas em diversas ocorrências de alagamentos e inundações, é difícil evitar o contato com a possível água contaminada. Além disso, moradores que tiveram seus objetos arrastados e entradas de residências bloqueadas por lixo e entulhos, acabam realizando a desobstrução, limpeza ou recolhimento dos pertences com as próprias mãos, ficando expostos aos riscos de contaminação. 

Além dos estragos, a chuva também pode trazer diversas doenças e problemas de saúde, como leptospirose, hepatites infecciosas, diarreias agudas, febre tifoide, doenças dermatológicas e respiratórias infecciosas, e até chikungunya, zika e dengue, já que o aumento de água parada em muitos locais favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

E os sintomas não demoram a se manifestar. Segundo o Ministério da Saúde, o período de incubação da leptospirose, ou seja, o tempo desde a infecção da doença até o momento que a pessoa leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias. Mas, geralmente, ocorre entre 7 a 14 dias após o contato com a água contaminada. 

E o problema pode ser fatal. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), somente no ano passado, 160 pessoas tiveram leptospirose, sendo que 17 delas morreram. 

Durante as enchentes, a doença pode acontecer porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. A transmissão ocorre por meio da pele com lesões, pele íntegra mas com contato prolongado com água contaminada, ou através de mucosas. Os primeiros sintomas são febre, dor de cabeça, dor muscular, principalmente nas panturrilhas, falta de apetite, náuseas e vômitos. SES-MG/ Divulgação

Outras doenças 

A transmissão da hepatite A ocorre por meio de alimentos mal lavados e também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas contaminada. No ano passado, foram registrados 40 casos da doença em Minas.

Já a diarreia, se não for tratada de forma adequada, pode evoluir para uma desidratação grave e até mesmo levar à morte. Para se ter uma ideia, em 2019, 23 crianças menores de 5 anos morreram no Estado por causa da enfermidade.

Os casos de febre tifoide também podem aumentar durante o período chuvoso. Ela é transmitida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria transmissora. 

Animais peçonhentos

Também vale o alerta para incidentes com animais peçonhentos, já que as ocorrências também costumam aumentar durante o período chuvoso. Isso porque animais como escorpião, cobras e aranhas procuram locais secos para se abrigarem da água e, com isso, podem ser encontrados nas proximidades das casas, jardins e parques, tanto em áreas urbanas quanto rurais.SES-MG/ DivulgaçãoClique para ampliar

Cuidados para evitar doenças e incidentes

Segundo a SES-MG, os cuidados para prevenir as doenças são gerais, principalmente com a água e alimentos consumidos, e também com a higiene pessoal e do ambiente. É necessário, por exemplo, destinar corretamente o lixo e as fezes, sobretudo em casos de enchentes e alagamentos, especialmente para quem utiliza água de reservatórios e poços artesianos. Confira outros cuidados:

- Filtrar e ferver a água pode evitar doenças diarreicas que podem causar desidratação grave, especialmente em crianças. A água usada para beber, uso pessoal e para cozinhar também deve ser tratada antes do consumo.SES-MG/ Divulgação / N/A

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- Ao limpar locais atingidos por enxurradas e lamas é preciso proteger o corpo. A recomendação é o uso de sacos plásticos duplos nas mãos e pés ou luvas e botas. 

- Quando o contato com a água for inevitável, a única forma de reduzir os riscos à saúde é permanecer o menor contato pelo menor tempo possível. 

- Mantenha os alimentos devidamente acondicionados em latas ou recipientes fechados, fora do alcance de animais, já que presença de roedores e insetos podem aumentar os riscos de contaminação.   

- Alimentos in natura, como legumes, verduras, frutas, carnes, entre outros, que tiveram contato com as águas de enchente, devem ser inutilizados, pois sofrem transformações quando em contato e se contaminam facilmente. Alimentos enlatados também devem ser descartados caso estejam amassados, enferrujados ou semiabertos.

- Em casos de febre, dores e amarelamento da pele, a recomendação é procurar atendimento profissional em uma unidade de saúde e relatar sobre o contato com a água.  

- Para evitar acidentes com animais peçonhentos,  é preciso observar atentamente a presença deles dentro de casa, bater colchões antes de usá-los e sacudir cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis. Ao encontrar um animal peçonhento, chame o Corpo de Bombeiros por meio do 193.  Caso haja a ocorrência do acidente procure atendimento médico imediatamente na unidade de saúde mais próxima.  

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