Um jogador de um time de Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, foi preso pela Polícia Civil (PC) no meio de uma partida após ser apontado como líder de uma quadrilha que é considerada a maior responsável pelo tráfico de pasta base de cocaína no Estado. A facção teria movimentado de R$ 30 a R$ 100 milhões nos últimos anos distribuindo as drogas para diversas cidades do interior e, também, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A prisão aconteceu no último dia 12 de maio em um campo onde acontecia uma partida organizada pela Liga Esportiva Ouropretana. O suspeito, de 38 anos, utilizava o clube para lavar parte dos lucros obtidos de forma ilícita. O delegado Marcus Vinicius Lobo Leite Vieira, do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), conta que investigação teve início há cerca de 9 meses, sendo que em uma primeira ocasião foram presos quatro membros da facção e apreendidos mais de R$ 1 milhão e 15 kg de pasta base de cocaína.
"Em continuidade desta investigação, nos realizamos a prisão deste homem que é considerado um dos maiores traficantes do Brasil. Dessa vez, nós conseguimos vincular toda a quantia movimentada pela associação criminosa e a droga apreendida ao líder da facção. Temos agora provas concretas de que ele comandava o esquema", explica o policial.
Entre os dados obtidos pelos investigadores estão movimentações financeiras que ultrapassam R$ 30 milhões em Minas e de mais de R$ 100 milhões em nível nacional. "Agora o nosso desafio é lastrear para onde estão sendo destinadas essas quantias. Mas podemos afirmar que ele é um traficante de larga experiência, que já foi preso em outras três oportunidades e que já residiu na divisa com o Paraguai. Ele já era procurado por todas as forças policiais", aponta Vieira.
A princípio, o traficante está detido com um pedido de prisão temporária, de 30 dias, mas, ainda de acordo com o delegado, a corporação deverá pedir a conversão para a prisão preventiva. Além do líder da quadrilha, a esposa dele, de 36 anos, também foi presa temporariamente. Ela é investigada por associação para o tráfico e, também, lavagem de dinheiro.
Agora, os policiais miram outros comparsas do homem, em Minas, outros estados e também no Paraguai, bem como todos os imóveis e bens do traficante, que estão em nome de laranjas e deverão ser sequestrados.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Ouro Preto, que informou não ter "nenhuma ligação" com o torneio. Já a Liga Esportiva Ouropretana não atendeu às ligações.
Atuação
Os tabletes de pasta base eram trazidos pela facção para a capital do Estado, onde eram distribuídos em bocas de fumo para que a droga fosse transformada em crack e cocaína. Depois disso, os membros da quadrilha retornavam aos pontos de venda recolhendo os lucros. Ainda de acordo com o delegado, para lavar o dinheiro obtido com o tráfico, o líder do bando usava o time de Ouro Preto.
"Ele arcava com os materiais esportivos para todos os jogadores, sendo que, além dele, pelo menos outros dois presos na operação também atuavam no time. A decisão de prendê-lo durante a partida por pelo fato dele ser uma pessoa que possui diversas residências, inclusive no Paraguai. Portanto, a melhor oportunidade que a gente tinha para pegá-lo era no jogo, onde tínhamos certeza de que ele não conseguiria fugir", justifica.
Em fotos divulgadas pela polícia, é possível chuteiras, todas da marca mais cara, e demais materiais fornecidos ao time pelo traficante. Em uma delas, do próprio traficante, é possível ver que a chuteira era personalizada, assim como os calçados usados pelos maiores jogadores do mundo.
Chuteiras fornecidas ao time pelo traficante
A PC não descarta a participação de ninguém envolvido com o clube de futebol com o esquema, sendo que outras fases da operação já estão sendo preparadas e novas prisões deverão ocorrer.
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