Hortaliças à vontade: Agricultores fazem da arte de plantar horta um modo de sobrevivência

Jornal O Norte
12/06/2008 às 17:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:35

Valéria Esteves


Repórter

A arte de plantar hortaliças surge nas comunidades rurais norte-mineiras como mais uma forma de subsistência e incremento da renda familiar. Os canteiros com leguminosas e hortaliças em geral são cada vez mais presentes nos quintas das comunidades rurais e a tomada do crédito nas instituições financeiras tem sido crescente.

Para tanto, ontem a CeasaMinas realizou a 23ª edição do Curso de Atualização em Classificação, Padronização e Embalagem de Frutas e Hortaliças. O programa começou em 2002, com a finalidade de aperfeiçoar o conhecimento de estudantes de nutrição, da Universidade Federal de Minas Gerais, e de nutricionistas e técnicos ligados a agricultura e abastecimento alimentar no estado. As aulas são teóricas e práticas. Entre os temas de maior interesse estiveram a embalagem, a rotulagem, a aplicação de regulamentos técnicos e o processo de sanitização de produtos hortícolas.

No caso da produção de hortaliças, os agricultores familiares tentam manter uma produção constante, tendo em vista que parte deles depende do lucro colhido dessa atividade para sobreviver. Em algumas situações, os agricultores tomam empréstimo, o Pronaf- Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar para manter a produção em dia. Dona Margarida Rosa, de Pai Pedro, por exemplo, resolveu ampliar seus negócios e, para isso, contou com o aporte do Pronaf, disponibilizado pelo banco do Nordeste.

Ela plantava horta para ter verduras e legumes em seu quintal com vistas a atender sua família. Mas aos poucos a vizinhança foi solicitando as verduras de dona Margarida e o comércio das mesmas passou a ser um incremento à renda familiar, hoje vindo a se tornar um negócio.

Ela conta que a tomada do empréstimo foi que deu uma nova visão ao seu pequeno negócio familiar. A intenção, segundo ela, é ampliar seus canteiros.

Dados da Emater dão conta de que o plantio de hortaliças tem crescido na região e os agricultores familiares encontram nessa atividade mais uma maneira de se alimentar e uma fonte de renda nesse tempo em que não se planta muita coisa seguindo os métodos naturais, como a espera da chuva.

A lavoura de feijão também é outra cultura que é executada pelos produtores nesses meses. A Emater lembra que a seca compreende originalmente os meses de abril a setembro, mas com tantas mudanças climáticas pode-se ver chuvas em setembro e início de outubro. Alguns produtores preferem plantar hortaliças antes que as chuvas cheguem para que não haja risco de perdê-las, mesmo porque os canteiros ficam encharcados.

Boa parte dos grãos é cultivada por agricultores familiares. Mas são as hortaliças as protagonistas do retorno financeiro dos produtores do Projeto Jaíba. Só no ano passado, conforme a Emater do local, muitos agricultores preferiram sair da monocultura imposta pelo comércio da bananicultura para adentrarem ao cultivo de hortaliças como a alface, coentro, couve, pepino, jiló entre outras. Isso porque as empresas multinacionais que atuam no Jaíba, cerca de sete, oferecem boas condições para levar a cultura baseada em um contrato de trocas; que consiste por parte do produtor, da mão de obra, pagamento de água e luz e insumos agrícolas, sementes e assistência técnica proveniente da empresa.

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