Ildeu Maia: apesar de tudo, a câmara cumpriu o seu papel em 2005

Jornal O Norte
16/11/2005 às 10:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

O NORTE – A câmara cumpriu seu papel neste primeiro momento da atual legislatura?

ILDEU MAIA – Sim, apesar de não termos podido alcançar tudo que almejávamos diante das dificuldades que o município enfrentou e enfrenta neste ano de 2005. Ainda assim os vereadores cumpriram suas funções, desempenharam seu papel aprovando projetos de interesse da população, reivindicando serviços, enfim, buscando soluções para nossos problemas apesar da falta de recursos financeiros. No caso do aumento da violência, por exemplo, a câmara teve importante papel ao se dirigir em comitiva aos governos estadual e federal buscando pessoalmente melhorias no setor de segurança pública. As medidas estão sendo efetivadas de forma paliativa, é verdade, mas acreditamos que ainda neste ano elas sejam implementadas na sua totalidade. O importante é que a câmara tem se posicionado ao lado da comunidade e isso tem sido reconhecido pelas pessoas. Em resumo, foi um ano bom.



ON – Os poderes legislativo e executivo gozam de harmonia inédita. Mas algumas posições antagônicas, como ocorre agora em relação ao projeto do executivo de pagamento de pequenos valores estremeceria esse relacionamento.

ILDEU – Isso se deve à falta de mais diálogo entre o executivo e o legislativo. Até mais por parte do secretariado de Athos Avelino que deveria estreitar seu relacionamento com os vereadores. Os projetos polêmicos, por exemplo, cobram mais debates, melhores estudos em conjunto, como é o caso dos precatórios (que o projeto de lei pretende transformar em requisições de pequenos valores para quitação de dívidas de até R$ 2,1 mil). Projetos como esse deveriam se cercar de maiores discussões para que pudessem ser corrigidos possíveis erros no sentido de viabilizar as medidas que de fato beneficiem as pessoas sem a câmara perder tempo com polêmicas. Nenhum dos 15 vereadores aspira fazer oposição ao executivo, dificultar suas decisões, desde que elas não dificultem a vida da população. Mas para isso se fazem necessários mais diálogos. Esses diálogos, mais amplos, estão faltando nesse momento em que se vota um projeto tão polêmico.

ON – O fato de o projeto ter sido recusado pelo legislativo e retornado sem nenhuma alteração por parte do executivo representaria o quê? Que o executivo, por exemplo, deveria ser mais flexível aumentando o valor das requisições?

ILDEU – Retorná-lo sem alteração talvez não tenha sido tão relevante quanto retorná-lo sem uma discussão prévia com os vereadores, com as pessoas que a medida atinge. É a falta do diálogo que causa esses entraves. Não sabemos de fato se a prefeitura pode ou não aumentar o valor dos pagamentos ou se simplesmente não quer aumentá-lo. Por isso, vamos debater o assunto. Por nossa iniciativa vamos nos reunir amanhã com representantes da prefeitura, dos departamentos jurídicos dos dois poderes e com representantes do Sindicato dos servidores, que não tem dado o ar de sua graça neste momento importante, diga-se de passagem, e da Frente de defesa dos direitos trabalhistas dos funcionários públicos. Vamos ouvir a todos para chegarmos a um consenso antes que o projeto volte para votação em plenário na próxima terça-feira. É preciso encontrar uma forma pela qual ninguém fique prejudicado. O importante é que ninguém se sinta lesado neste processo.

ON – O senhor chega às vésperas do fim do primeiro ano de um mandato de dois na câmara municipal e um dos empreendimentos de vulto que vislumbra é a construção da sede própria do legislativo. Qual a expectativa de conclusão das obras?

ILDEU – Uma empresa já está fazendo a análise do solo para então iniciarmos de vez a construção do prédio. Agora, no final de novembro, estará concluída a fase de licitações e então saberemos a empreiteira que tocará os serviços. No final de 2007, ou possivelmente no meio daquele ano a câmara deverá estar funcionando na sua própria sede. Mas também temos a expectativa de estarmos ocupando parte de suas acomodações já em meados de 2006. O novo prédio é uma necessidade. A câmara se tornou pequena, desconfortável. A cidade cresceu desde que ela foi construída e hoje o espaço que oferece é reduzido diante das atividades parlamentares diárias, incluindo o atendimento ao público, principalmente, que está bastante prejudicado. Nas reuniões solenes e até mesmo nas reuniões ordinárias essa limitação física fica evidente. Vamos construir uma câmara que nos sirva também no futuro, prevendo naturalmente o crescimento do município, que hoje tem quase 300 mil habitantes. Não será um prédio luxuoso, mas adequado a Montes Claros de hoje e de amanhã.

ON – Existem recursos para a construção?

ILDEU – Hoje, não. Não temos os recursos suficientes para iniciá-la e concluí-la. Mas com a previsão orçamentária para o ano que vem e para 2007 com certeza teremos o dinheiro necessário para toda a obra, que deve ficar em torno de R$ 2 milhões.

ON – Por conta de convênios com o Estado e a União o município deverá atuar com recursos substanciais no ano que vem, sobretudo para obras no setor de saneamento básico. Mas existem aqueles que se cercam de ceticismo em relação ao envio dos recursos pelo governo do estado.

ILDEU – Prefiro acreditar que o dinheiro chegará aos nossos cofres tal como ficou acertado. Eu confio no governador Aécio Neves, que nos garantiu, quando da assinatura do convênio, que não o faria se o Estado não tivesse os recursos. Serão obras importantes não somente para Montes Claros, mas como para várias cidades da região. A instalação da rede de tratamento de esgotos, por exemplo, vai acabar finalmente com esse crime ambiental que é esse esgoto jogado no córrego Vieira, que polui o rio Verde Grande com conseqüências até para a bacia do São Francisco. Diversas cidades têm seu meio-ambiente agredido por esse procedimento.

ON – A injeção desses recursos, por outro lado, pode aliviar a demanda popular que recai sobre os vereadores, já que muitas obras atenderão às necessidades mais urgentes de parte da população de Montes Claros.

ILDEU – Exatamente. O dia a dia dos vereadores é marcado pela presença de pessoas que buscam benefícios como rede de esgoto, canalização de córregos, urbanização, principalmente. Com os convênios, poderemos nos concentrar em atender a outras prioridades do povo. Torço para que os recursos cheguem no prazo determinado e no volume que foi acordado. Será um grande avanço que o município estará dando para consolidar seu desenvolvimento. O governo do estado e a administração municipal merecem nossos aplausos e nosso reconhecimento por esse investimento.

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