A inadimplência entre consumidores acima de 65 anos cresceu 13,6% nos últimos 12 meses em Minas, a maior expansão dentre todas as faixas etárias, segundo pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), divulgada ontem. Reajustes de planos de saúde e preços de remédios acima da inflação contribuem para que o aperto financeiro seja mais rigoroso na chamada terceira idade. Em abril, os medicamentos subiram até 12,5%.
A defasagem da aposentadoria, que não acompanha os reajustes do salário mínimo, também torna mais difícil manter as contas e m dia. E é na busca por crédito para fechar o orçamento que muitos acabam atropelados por taxas e juros de parcelamentos a perder de vista. “Pesquisa recente da CDL-BH mostrou que de dez idosos entrevistados, cinco possuem três ou mais cartões de crédito e ou débito. E o recomendado é que cada pessoa tenha no máximo dois cartões, pois assim fica mais fácil controlar os gastos e evitar compras por impulso”, afirmou.
Segundo o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, a falta de educação financeira ainda é uma das principais causas da inadimplência. Falci lembra que, nos últimos anos, o governo federal facilitou o crédito e estimulou o consumo.
Na estratificação por idade, a melhor situação é a dos jovens de 18 a 24 anos, com queda de 20,51% da inadimplência em um ano. Segundo o presidente da CDL, no entanto, o crescimento da taxa de desemprego é a principal causa para a redução do endividamento nessa faixa etária. “Só é inadimplente quem compra. Os jovens não estão comprando, porque não estão conseguindo. Têm dificuldade no primeiro emprego, no segundo emprego. Estão indo para o mercado de trabalho mais velhos”, argumenta.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, nessa faixa etária, o desemprego subiu de 15,25% no quarto trimestre de 2014 para 20,89% no mesmo período de 2015. Já nos três primeiros meses deste ano, a taxa chegou a 26,36%. O índice é muito maior do que entre os adultos até 59 anos, que alcançou 7,91% no mesmo período.