Indústria de máquinas em Minas cortam empregos e receita encolhe

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
26/01/2017 às 22:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:35

A indústria de máquinas e equipamentos vive a pior crise da história. Nacionalmente, o setor teve um faturamento 24,3% menor em 2016 do que em 2015 e demitiu 20,3 mil pessoas. Em Minas Gerais, a situação foi ainda pior, com queda estimada em 40% na receita líquida e corte de 1,5 mil empregados.

O balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostra que o faturamento nacional apresentado em 2016 foi o pior da série histórica, iniciada em 1999. Para Minas Gerais, é o segundo pior ano no período, ganhando apenas de 2015, quando a receita caiu 50% no Estado.

Segundo o presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan, uma das justificativas para o mau desempenho é a menor demanda por máquinas e equipamentos no país. Pesaram ainda sobre os industriais do ramo os juros altos, o custo Brasil e a paralisia dos investimentos em infraestrutura e no setor petrolífero.

Em Minas, a situação ficou pior do que a média nacional por causa do perfil da economia local. Segundo o vice-presidente regional da Abimaq Minas Gerais, Marcelo Veneroso, os principais clientes do setor no Estado são as indústrias de mineração, siderurgia, óleo e gás, além do agronegócio. Apenas o último tem apresentado bons resultados.

Para 2017, as projeções são de um faturamento 5% maior do que o apresentado no ano passado tanto em Minas quanto no país. Mas, se efetivada, a alta não será motivo de comemoração. Isso porque ela será sobre uma base muito depreciada.
 


Além disso, mesmo com a elevação, o desempenho ainda ficará abaixo do registrado no passado. Para se ter uma ideia, o faturamento de R$ 66,3 bilhões registrada pelo setor em 2016 é menor do que os R$ 66,8 bilhões apresentados em 2003. “Temos que considerar o efeito estatístico. Vamos continuar bem abaixo do ideal ainda”, afirma Marchesan.

Para ele, o resultado no ano dependerá de alguns fatores como fim da crise política, apreciação do dólar frente ao real e a definição de uma política industrial clara. As medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer, como Reforma Trabalhista, são vistas como um alívio para a indústria. Mas, na avaliação dele, estão longe do ideal.

Outra bandeira levantada pelo setor é um esforço do governo para manter o conteúdo local nas licitações da área de óleo e gás. A garantia de que uma média de 65% das aquisições, realizadas em investimentos na área, sejam de máquinas e equipamentos produzidos no país poderia estimular o setor.

“A Petrobras diz que conteúdo local trava investimentos e coloca a indústria de máquinas como vilã. Mas a regra traz emprego para o país”, afirma Veneroso.

“Apesar de os Estados Unidos serem um dos nosso principais parceiros comerciais, não estamos com receio do Donald Trump. Acho que o Brasil não está no foco dele, até porque eles são superavitários na relação com o país”.

 

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