Insegurança

Publicado em 11/07/2018 às 06:09.Atualizado em 10/11/2021 às 01:20.

O último fim de semana foi conturbado para o judiciário brasileiro, por conta do imbróglio causado pela tentativa de soltura do ex-presidente Lula. O fato reforça o sentimento de insegurança nas instituições, dada o alto nível de politização das decisões judiciais, inclusive do Supremo, que deveria ser uma corte totalmente isenta. Este comportamento agrava a descrença e estimula o radicalismo presente nos discursos de alguns candidatos.

Na economia o ocorrido é mais um percalço no caminho da retomada do crescimento sustentável, a falta de confiança no ambiente de negócios e jurídico desestimula o investimento que é o oxigênio para um crescimento econômico e por consequência a criação de novos postos no mercado de trabalho. A instabilidade também reflete na bolsa e nos juros futuros que impactam diretamente o crescimento econômico. Sem contar a desvalorização da moeda, ainda que por motivos externos e com a forte atuação do Banco Central, é outro dificultador do crescimento estável.

Paralelo a isto, temos um cenário eleitoral ainda incerto, com candidatos com propostas messiânicas liderando pesquisas, (inclusive o ex-presidente Lula) que já deixou claro que levará o discurso de candidato até o último momento. A prática faz parte da afirmação de um discurso para inflamar a militância. Lula tentará se colocar na história como um candidato que fora impedido de participar do processo eleitoral por questões políticas e não por restrições judiciais como de fato é o que ocorre.

Dessa forma a transferência de votos do ex-presidente fica comprometida, pois as candidaturas de centro-esquerda já se posicionam como receptoras deste capital político, e uma composição de candidatura única cada vez é menos provável.

Com todo o contexto narrado, a atividade econômica prossegue a passos lentos, sem nenhum estímulo adicional que revigore o ânimo dos agentes e do mercado. Os consumidores e empresários tendem a ser cautelosos neste momento, até que haja uma definição clara de cenário que considere a evolução dos indicadores, principalmente do mercado de trabalho que tem sido constante, mas não animadora a ponto de estimular o investimento e volta do consumo por parte da população.

Um levantamento realizado pela Confederaçào das Indústrias aponta o fantasma do desemprego como um dos piores níveis em 20 anos. A recuperação de uma crise da dimensão que passamos já é complexa em um País com segurança institucional e com um judiciário coerente, imagina em um contexto atual onde até as decisões judiciais soam parciais e partidárias.

Aguardamos que o Supremo exerça seu papel de instância máxima, e dê o exemplo das certezas jurídicas necessárias para o país.

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