Inverno Cultural agita a histórica São João del-Rei

Clarissa Carvalhaes* - Do Hoje em Dia
18/07/2012 às 12:01.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:39
 (Divulgação)

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Mais uma vez o cinema faz pulsar o cotidiano da histórica São João del-Rei, que recebe a 25ª edição do Inverno Cultural da Universidade Federal (UFSJ). Já faz tempo que a cidade não se contenta em ver o mundo por frestas ou janelas. Abriu, portanto, seus portões para todos os povos e países.

Por aqui ganha espaço, cada vez mais, o olhar para um cinema novo que tem por missão levar para as telas o cotidiano de pessoas comuns, com suas loucuras e sanidades, desejos e surrealismos. Os filmes "Whisky com Soda", "Anarquia" e "Retalhos Digitais 5" são três produções locais exemplares que comprovam a vocação natural da cidade para o cinema.

O trio integra a programação dentro da "Mostra Kairós de Audiovisual", que tem curadoria de Paulo Henrique Caetano. Essas e outras películas serão exibidas até o dia 28 de julho em vários cantos da cidade com entrada franca.

"O resultado dessas obras é o olhar para a vida com simplicidade. O mostrar a poesia dos pequenos gestos. O fazer cinema com recursos escassos e ainda assim chegar a resultados tão bonitos", resume o curador.

Além de curtas, longas e documentários regionais, a mostra estende os braços a trabalhos criados mundo afora: Alemanha, África e Diásporas, França, Estados Unidos e Portugal, entre outros tantos, também ganham espaço privilegiado.

Curadora da Mostra Internacional Imagem dos Povos, Tâmara Braga Ribeiro foi convidada a trazer películas gringas da África e Diásporas espalhadas pelo mundo para integrar o festival de inverno de São João.

Entre alguns selecionados, cita-se "Freddy Ilanga" (África do Sul, EUA e Cuba), "Terra Sonâmbula" (Portugal e Moçambique) e "Menged" (Etiópia) – trabalhos que não se limitam a retratar a miséria de um povo. Falam também da alegria e do riso. “Assim como é na vida da gente, esses filmes estão repletos de altos e baixos. Com histórias felizes e outras nem tanto”, explica Tâmara.

Segundo a curadora, aliás, muitos dos filmes que pisam agora no festival de inverno farão parte da grade curricular da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. "Exatamente porque são obras que mostram paisagens, lugares e pessoas que não conhecemos, mas com que nos identificamos", explica.

Outro filme que carimba presença na mostra e seguirá para as salas de aula é "Antártica: janela polar". Com direção e roteiro de Adriano Medeiros, o documentário conta, além da história deste que foi o último continente descoberto pelo homem, as aventuras e o cotidiano de pesquisadores brasileiros que trabalham por lá.

Há três anos vivendo em São João, o diretor e roteirista de "Whisky com Soda", o carioca Victor Klier, se desdobrou em peripécias e comprou até geladeira por R$ 50 pra tirar do papel o curta de 19 minutos. "Foi uma luta reunir pessoas, disciplinar equipe, conseguir locais para gravação e convencer a todos de que poderia dar certo. Meu objetivo era só assistir esse filme com meus amigos, e olha só, fomos parar em um festival. Que bom!".

*A repórter viajou a convite do Festival a São João del-Rei

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