João Gilberto, o inventor da bossa nova em livro

Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
08/07/2012 às 12:52.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:24
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

João Gilberto é nome que sempre vai gerar assunto. Uma das mais recentes provas disso é o livro que leva simples e grandiosamente seu nome no título, cujo lançamento é capitaneado pela Cosac Naify. “João Gilberto” reúne ensaios, entrevistas, crônicas, resenhas já veiculados e depoimentos de artistas que conviveram com o ícone. Todos em tentativas de explicar o fenômeno criativo desse nome da Bossa Nova, hoje com 80 anos.
 
O calhamaço luxuoso com mais de 500 páginas (R$ 215) chega às livrarias sob ameaça de ter publicação vetada pelo próprio motivo de sua existência: o músico baiano. Editora e organizador não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Enquanto isso, fica a pergunta: “Afinal de contas, o que esse artista baiano, nascido em Juazeiro, tem de tão especial?”
 
“Não me interesso por bossa nova, eu gosto é do trabalho do João Gilberto e do Tom Jobim”, inicia o organizador da publicação, o professor da USP, Walter Garcia. O autor diz que tem muita música por aí com a marca “bossa nova”, mas que muitas vezes não tem nada ver com o que essas duas palavras fizeram. E arremata: “Mas quando se fala em qualidade, pede-se uma comprovação, e é aí que se fala em João Gilberto, de Tom Jobim”.
 
Desinteresse
 
Na apresentação, Garcia avisa que João Gilberto, até hoje, “mostrou-se pouco interessado em explicar a sua obra”. “Já se disse que o trabalho de um artista deve ser autoexplicativo, que ‘o verdadeiro criador não deve perder seu tempo discorrendo sobre as tendências e consequências de sua arte’”.
 
Na seleção, há entrevistas dos anos 1950 publicadas em revistas voltadas para artistas do rádio. “É um material de difícil acesso”, defende. Em um desses depoimentos, o artista foi perguntado sobre o tipo de música que gostava. “Música Bonita”, resumiu João.
 
Em novembro de 1959, a revista Radiolândia destacava no título de sua matéria: “João Gilberto, nova personalidade da música popular, explica que não é fácil vencer”. Qual a razão de não ser fácil vencer?, questiona Garcia. Mas o arremate do título esclarecia: “Cantar com simplicidade exige horas de estudo”. E essa busca “se dá em noites de insônia”. Assim, resume Garcia, há duas linhas na estética joãogilbertiana: a construção estudada da simplicidade e a busca de justificativa de uma interpretação.
 
Pouca prosa
 
No livro, Garcia selecionou dez entrevistas entre aquelas poucas que o músico concedeu ao longo de sua carreia. “Talvez ele tenha falado menos do que o que se esperava. Mas João Gilberto não é um pop star”.
 
E é justamente no resgate desse material que reside a análise do artista para acionar a Justiça e vetar a publicação em questão. Por meio de seus advogados, João teria dito que foram publicadas algumas reportagens desnecessárias sobre ele no livro.
 
Mesmo com a ameaça, a editora garantiu, por meio de sua assessoria de imprensa, que o livro continua sendo “comercializado normalmente”. Conforme o site de João Gilberto, o último disco dele foi “João Gilberto for Tokyo”, lançado em 2006. l
 
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