(Tânia Rêgo/Agência Brasil)
O governo federal colocou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal à disposição do Rio de Janeiro para colaborar nas investigações da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completa 5 meses na terça-feira (14).
A informação foi confirmada nesta segunda-feira (13) pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, após participar de uma reunião no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro, para tratar de parcerias para a construção de presídios.
De acordo com o ministro, logo no início das investigações, em março, foi cogitada a federalização da investigação do caso, mas a procuradoria do estado se opôs e levou a questão para o Conselho Nacional do Ministério Público, mesmo com o pedido feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
“Passados 150 dias, nós entendemos que temos a obrigação de colocar a Polícia Federal à disposição, seja do Ministério Público, seja da segurança do estado, para ajudar efetivamente ou assumir a investigação”.
O ministro destacou que não ser trata de desqualificar a equipe da Polícia Civil que comanda as investigações, mas reconhecer as dificuldades e a complexidade do caso. “A Polícia Federal é uma das melhores polícias investigativas do mundo, tem recursos tecnológicos, tem recursos humanos, tem recursos orçamentários para sustentar qualquer investigação que se faça necessária”.
Questão de honra
Jungmann afirmou que a solução do caso é uma questão de honra para o governo federal. Entretanto, a esfera federal não tem ingerência sobre a investigação. “Nós estamos prontos para fazê-lo. Inclusive já sabemos quais delegados seriam necessários mobilizar, para a eventualidade de sermos requisitados. Mas deixando bem claro que isso é algo que depende do requerimento formal, seja do Ministério Público, seja da segurança do estado. Se a decisão for de que nós devemos ajudar, nós vamos ajudar”.
Sem citar nomes, Jungmann confirmou que há envolvimento de políticos no caso e lembrou que, há 10 anos, ainda como deputado, alertou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o problema das milícias que controlam territórios no Rio de Janeiro e, com isso, conseguem influenciar de forma incisiva na escolha dos eleitores desses locais. Segundo ele, as milícias formam uma rede poderosa de influência no setor público, o que classificou de metástase ou coração das trevas.
Na semana passada, a revista Veja publicou a denúncia de que três deputados estaduais do Rio de Janeiro, todos do MDB, estariam envolvidos no assassinato de Marielle.
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