Por volta das 11 horas desta quarta-feira (6) um oficial de Justiça notificou os alunos que estavam na frente da reitoria ocupada da Universidade de São Paulo (USP) sobre o pedido de reintegração de posse concedido nesta segunda-feira, 4, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). A pedido dos universitários, o oficial aguardou a chegada de um dos advogados do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
De acordo com o diretor do DCE Theo Ortega, de 23 anos, aluno do 5º ano de história, a defesa recebeu a notificação e pediu que o oficial reportasse à Justiça que os alunos estão abertos ao diálogo e à negociação. Theo Ortega também disse que a expectativa do DCE é de que não haja a reintegração de posse da reitoria antes que os alunos votem sobre a greve e a ocupação na assembleia geral dos estudantes, marcada para as 18 horas desta quarta-feira. "A reintegração de posse seria uma truculência muito grande, já que existe uma comissão negociando hoje com a universidade. Seria também um desrespeito à democracia dos alunos, já que vamos fazer uma assembleia geral hoje."
Desde a manhã desta quarta, uma comissão de alunos, funcionários, professores e representantes da reitoria estão reunidos para negociar, na sede do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), na Rua Itapeva, próximo à Avenida Paulista. Após a reunião, os alunos votam a continuidade ou não da greve na assembleia geral.
O diretor do DCE da USP afirmou que os advogados do diretório entraram com um recurso contra a decisão que concedeu a reintegração de posse da reitoria nesta terça-feira (5). "Assim que soubemos da decisão, entramos com o recurso por entender que já tínhamos duas decisões favoráveis ao movimento na Justiça, que classificaram nossas pautas como justas e nosso movimento como legítimo. A gente entrou com esse recurso também para que não haja a reintegração violenta."
Nesta segunda-feira, o Tribunal de Justiça determinou a desocupação imediata do imóvel, mas a expectativa do DCE é que a saída do prédio da administração possa ocorrer sem a presença da Polícia Militar (PM). A assessoria da USP afirmou que a ação dos policiais e do oficial de justiça não depende mais da universidade. Já a PM afirmou que ainda não há previsão de quando será cumprida a ordem de reintegração.
No último encontro entre representantes da reitoria e alunos, a USP comprometeu-se a mudar o estatuto da instituição e transformar os prédios K e L do câmpus Butantã, na zona oeste da capital paulista, em moradia estudantil. A reitoria também se comprometeu a aumentar o valor das bolsas estudantis segundo índice de reajuste salarial acertado no Cruesp e a debater a permanência da polícia no câmpus.
http://www.estadao.com.br