A dois meses de sua posse, o prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), inicia, hoje, as primeiras discussões de seu futuro governo com quatro objetivos: formar o grupo que fará a transição entre a atual gestão e a próxima; eleger as prioridades para o primeiro ano, montar um secretariado eminentemente técnico e iniciar articulações para a composição política de sua base na Câmara Municipal. Ao contrário do estilo briguento, Kalil começa também a transição do personagem candidato para o gestor preocupado com os primeiros desafios, como ele mesmo já adiantou, medidas para retirar moradores de área de risco durante as chuvas de janeiro.
Para o monitoramento dessa situação, o eleito estuda usar as instalações do Centro de Operações da Prefeitura (COP), da BHTrans, onde é feito o controle operacional do trânsito e a operação do BRT MOVE. O edifício abriga os diversos sistemas de controle, especialmente aqueles ligados ao trânsito e circulação na capital mineira. O local é um centro estratégico de tomadas de decisão, com alta tecnologia, segurança e acessibilidade, destinados, até o momento, às melhorias na mobilidade urbana e sustentabilidade ambiental. Para essa providência e outras da transição, Kalil espera relacionamento pacífico e cordial com a atual gestão do prefeito Marcio Lacerda (PSB).
Fenômeno e estratégia
A eleição de Kalil pode ser enquadrada como fenômeno eleitoral, claro, também uma consequência da situação de descrença no país e no estado. Com menos de 30 segundos na televisão e mais de um milhão de seguidores em rede social, o candidato do PHS desbancou o potencial da TV como instrumento de campanha e o poder político dos partidos e lideranças tradicionais. Como registramos aqui, em agosto, foi a eleição dos famosos e ricos, com vitória daquele que, além disso, ainda agregou o sentimento antipolítico da população.
Nem tudo foi improviso, houve estratégia também, e até mais eficiente do que a do rival. Quando usaram, por exemplo, vídeo em que o então governador Aécio Neves (PSDB) e o então prefeito Fernando Pimentel (PT) se uniram, em 2008, para eleger, pela primeira vez, o atual prefeito, desmontaram a estratégia tucana de colar o PT em Kalil. Houve também sofrimento, como aconteceu na noite do segundo debate na Rede TV. O candidato cambaleou ao receber os diversos cruzados de João Leite em um ataque sistemático. Em resposta, passou a ser mais propositivo.
Alckmin vem aí
Feliz com os resultados eleitorais do primeiro e do segundo turnos, que o transformaram no principal ganhador do país, o governador e presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) virá a Minas para encontro com o governador Fernando Pimentel (PT). Na pauta, os desafios administrativos de ambos até 2018. Deverá ainda ter tempo para um café com o prefeito Marcio Lacerda, que, antes do fracasso nas eleições municipais, estava cotado até para ser vice do tucano na disputa presidencial.
Prevista para depois do segundo turno eleitoral, a reunião foi adiada por Pimentel, que optou por agendá-la para após da votação que decidirá seu futuro na Assembleia Legislativa, onde deputados decidirão, até o dia 23 deste mês, a admissibilidade do processo contra ele, requerida pelo Superior Tribunal de Justiça.