Kirchner inicia última etapa do mandato com poder reduzido

28/10/2013 às 22:11.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:43
 (Mariano Hotto/Prensa Sergio Massa)

(Mariano Hotto/Prensa Sergio Massa)

BUENOS AIRES - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, inicia a última etapa do segundo mandato, que vai até 2015, com poder reduzido, depois da derrota nos maiores distritos do país nas legislativas de domingo (27). No entanto, a presidente manteve a maioria no Congresso.   O opositor Sergio Massa, de 41 anos, ex-chefe de gabinete de Kirchner, foi o grande vencedor da eleição, com quase 3,8 milhões de votos apenas na província de Buenos Aires - o distrito que reúne 40% do eleitorado nacional de mais de 30 milhões de pessoas. Já o adversário governista de Massa, o prefeito de Lomas de Zamora (periferia sul), Martín Insaurralde, de 43 anos, ficou em segundo lugar, com 32,18% dos votos.   A Frente para a Vitória da presidente Kirchner, a mais votada em todo o país, recebeu quase 7,5 milhões de votos, 33% do total, o que permitirá contar, ao lado dos aliados, com a maioria de 132 cadeiras na Câmara de Deputados (quórum com 129), segundos as projeções oficiais.   Nos oito distritos que escolheram senadores, o governo conservou as 11 cadeiras que colocou em jogo na Câmara Alta, onde tem maioria ao lado de três partidos provinciais. As eleições de domingo renovaram metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.   Massa, prefeito de Tigre (periferia norte), deu um duro golpe no kirchnerismo neste distrito chave (32,21%), o que o coloca como um dos principais candidatos à presidência para 2015, com um discurso baseado na luta contra a insegurança, uma das principais preocupações dos argentinos.   Além da província de Buenos Aires, o governo foi derrotado nos distritos mais importantes do país, como a capital, Córdoba, Santa Fé e Mendoza. A presidente perdeu parte dos 11 milhões de votos que recebeu em sua reeleição em 2011, quando venceu com 54% dos votos.   Massa afirmou na noite desta segunda que "quem pensa em 2015 não respeita o povo", tentando se afastar dos candidatos opositores que antecipam a corrida presidencial para substituir Kirchner dentro de dois anos. O deputado eleito defendeu o "combate à inflação e à insegurança, problemas do dia a dia da população". A alta dos preços e a insegurança são as duas principais preocupações dos argentinos, segundo as pesquisas.   Kirchner, de 60 anos, foi a grande ausente da reta final da campanha, já que está em repouso absoluto desde 8 de outubro, quando foi operada por um hematoma na cabeça. "A presidente está se preparando para voltar com toda a força, para seguir conduzindo este projeto", disse o vice-presidente Amado Boudou.   A nível nacional, a Frente Renovador, que Massa formou há apenas três meses, não tem no momento outra representação fora da província de Buenos Aires e aparece como terceira força, atrás do kirchnerismo e da União Cívica Radical ao lado do Socialismo.   O radicalismo social-democrata junto ao socialismo recebeu 4,8 milhões de votos, o que representa 21,35% em todo o país.   "Temos que fazer valer os milhões e milhões de votos que nos transformaram na primeira força política dentro da província de Buenos Aires e que nos obrigam a começar a cruzar a fronteira e a percorrer a Argentina", afirmou Massa no discurso da vitória.   O governo comemorou porque a FPV permanece como a primeira força nacional depois de muitos anos, segundo declarações de Boudou, em referência aos 10 anos do kirchnerismo que incluem os governos de Néstor Kirchner (2003/2007) e de Cristina Kirchner, desde 2007, que definitivamente não poderá disputar a segunda reeleição consecutiva, proibida pela Constituição.   Quebra-cabeça incerto    Massa aparece na linha de largada de uma corrida presidencial que já conta com o peronista Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires e aliado de Kirchner.   Na mesma situação está o prefeito da capital, Mauricio Macri, cujo partido Pro voltou a vencer em seu distrito com 34,46% dos votos, mas que também não tem forte presença no restante do país. "Em 2015 será a primeira vez em mais de uma década que as pessoas poderão votar a favor de alguém e não contra alguém", disse Macri nesta segunda-feira.   Scioli, um peronista que permanece aliado com a presidente, elogiou o "grande trabalho" de Massa, "que foi interpretado e respaldado pela vontade popular".   Outros nomes importantes para 2015 são o socialista Hermes Binner, vencedor em Santa Fé, terceiro distrito eleitoral, com 42,38%, o radical Julio Cobos, ex-vice-presidente de Kirchner que passou à oposição e obteve 47,73% dos votos na província Mendoza (oeste), e o peronista dissidente José Manuel de la Sota, de Córdoba.

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