O prefeito Marcio Lacerda (PSB) deve fazer uma reforma administrativa e política na Prefeitura de Belo Horizonte a partir do início do próximo ano, já com vistas às articulações para a disputa pela gestão da capital em 2016.
Nos bastidores já se dá conta de que nomes de destaque do PSDB, que deixarão o governo de Minas com o fim dos 12 anos de hegemonia tucana no Estado, integrarão os próximos dois anos da administração de Lacerda.
Uma das mudanças seria a vinda de um dos caciques do PSDB, Danilo de Castro, para a Secretaria Municipal de Assuntos Institucionais, no lugar do atual ocupante do cargo, Marcelo Abi-Saber.
Outro nome que deve subir ao alto escalão da administração municipal é o da deputada Luzia Ferreira (PPS), que concorreu a uma vaga na Câmara Federal mas não conseguiu se eleger, e portanto, perde o mandato parlamentar em 2015. “Vão ter que arrumar um lugarzinho para Luzia”, disse uma fonte que prefere o anonimato. O PPS estaria disposto a entregar três cargos no Executivo municipal em troca de um posto relevante para ela.
Segundo a fonte, a reforma política na PBH ainda esbarra nas “dúvidas” quanto a quais siglas partidárias serão agraciadas, já pensando nas eleições de 2016. O prefeito Marcio Lacerda e o senador Aécio Neves (PSDB) darão a palavra final quanto ao nome que será lançado para a disputa pela aliança política que representam.
O primeiro da lista é o do senador eleito Antonio Anastasia (PSDB). Constam ainda o deputado estadual João Vítor Xavier (PSDB), o vice-prefeito Délio Malheiros (PV) e o deputado estadual Fred Costa (PEN). “Se o Anastasia vier, todas as articulações que estão sendo feitas caem. Vai depender de como ele vai proceder no Senado, que é um campo político diferente do Executivo”, comenta a fonte.
No início de seu segundo mandato, em 2013, Marcio Lacerda teria tido atritos com a cúpula do PSDB por não abrigar na administração nomes indicados pela legenda. Ele teria, inclusive, recusado o nome do deputado João Leite, uma indicação pessoal de Aécio Neves, para a Secretaria de Obras. Agora, o grupo segue mais unido do que nunca para manter o poder sobre a Prefeitura de BH.
Orçamento apertado deve impor fusão de órgãos e secretarias
A reforma administrativa que deve ser feita pelo prefeito Marcio Lacerda deve promover fusões entre órgãos e secretarias. “O objetivo é enxugar gastos por conta do orçamento mais apertado”, argumentou a fonte que pede anonimato.
A Prefeitura de BH enfrenta a pior crise financeira dos últimos cinco anos, conforme matéria publicada recentemente pelo Hoje em Dia. Entre 2009 e 2013, a receita orçamentária teve aumento médio de 15% ao ano, ao passo que agora, em 2014, a tendência é de que a receita seja semelhante à do ano passado, de R$ 8,5 bilhões.
O resultado neste ano, que configura um quadro de estagnação, deve ficar bem abaixo do estimado em outubro de 2013, quando a PBH esperava arrecadar R$ 11,46 bilhões em 2014.
Para não fechar o ano no vermelho, a prefeitura tem anunciado uma série de medidas para conter os gastos. A reforma administrativa vem nessa esteira. Em setembro, Lacerda havia antecipado, por exemplo, o decreto 15.671, que limitou ao último dia 4 daquele mês o prazo dos empenhos para compra de produtos ou serviços com recursos municipais. Esse decreto é publicado todos os anos normalmente em novembro. Com a medida, a prefeitura ganhou fôlego nas contas públicas.
Política
A reforma administrativa municipal também deve fazer as adequações necessárias para que Lacerda proceda a reforma política. Os nomes cotados como possíveis candidatos à Prefeitura de BH em 2016 podem aparecer em cargos importantes. “O candidato que for definido pelo Marcio em conjunto com Aécio, a expectativa é de que essa pessoa passe a ter um destaque na gestão municipal, até para entender um pouco da máquina, ter acesso aos programas e oportunidade de fazer um trabalho político”, comenta outra fonte nos bastidores.
Nessa reforma administrativa, a Secretaria de Governo deverá assumir um papel mais importante, ficando mais próxima dos conselhos municipais. “Mexer com conselhos é mexer com todos as forças políticas da cidade”, detalha uma das fontes. A área social também deve passar por reformulações. “É um setor que tem recebido muitas críticas”, comenta outra fonte.
Disputa municipal acirra polarização
A Prefeitura de Belo Horizonte será disputada com todas as armas por tucanos e petistas, aumentando ainda mais a polaridade entre as duas siglas.
Anastasia é a principal cartada do PSDB, que precisa manter a gestão da capital sob seu domínio como passo estratégico importante para quaisquer pretensões que tenham nas eleições de 2018. Já o PT, que tem em mãos o governo de Minas e o Palácio do Planalto, deve concentrar tudo que puder na capital mineira nos próximos dois anos.
Isso pode significar a alavancagem de obras importantes e esperadas pelos belo-horizontinos, como o metrô e o Anel Rodoviário. “Eles já fizeram barba e cabelo, agora só falta o bigode”, ironizou a fonte, reforçando que, para o PT ter supremacia em Minas, só falta conquistar a PBH.