O médico legista George Sanguinetti, que contestou a tese homicídio seguido de suicídio no caso PC Farias, classificou de "vitória extraordinária" a decisão do júri que considerou o crime um duplo homicídio. "Levantei essa tese [duplo homicídio] desde o primeiro momento, contra tudo e contra todos, quando tudo caminhava para um desfecho oficial de crime passional", afirmou. Na sexta-feira (10), o julgamento dos quatro ex-seguranças responsáveis pela proteção de PC Farias terminou na absolvição deles pelo júri. A maioria dos jurados entendeu que os policiais militares Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva não tiveram participação direta no crime. O resultado do julgamento, porém, também considerou que houve um duplo homicídio. Na época do crime, Sanguinetti contestou a perícia feita pelo legista Badan Palhares que apontava que Suzana Marcolino, namorada de PC Farias, havia matado em 1996 o tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor e depois se suicidado. Embora não fosse perito oficial do caso, Sanguinetti contestou o laudo de Badan em declarações à mídia na época e sua manifestação foi anexada ao processo. Depois a Justiça determinou nova perícia, coordenada por Daniel Muñoz, da USP, que concluiu pelo duplo homicídio. As impressões de Sanguinetti não foram consideradas oficialmente no processo -entraram apenas como uma opinião-, mas ele ganhou fama como "legista do caso PC" e foi eleito vereador em Maceió em 2000. Em 2012, tentou de novo e ficou na suplência. Também passou a ser consultor em perícias e atuou em casos de repercussão, como a morte da menina Isabela Nardoni, contratado pela defesa do casal Nardoni. Hoje, ele comemorou a decisão do júri. "Foi uma vitória extraordinária. Deus quis que eu, aos 68 anos de vida, presenciasse uma decisão tão importante quanto esta", disse. "Fiquei tão satisfeito com o resultado do júri que dormi o sono dos justos", afirmou. Para Sanguinetti, o laudo da segunda equipe de peritos derrubou qualquer possibilidade de crime passional. Ele disse ainda respeitar a decisão do júri que absolveu os quatro seguranças.