Na mesma linha de seu partido, o PT, que aponta armação para derrubar o governador Fernando Pimentel (PT), o líder do governo na Assembleia Legislativa, Durval Ângelo, acusou, em artigo, o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) de conspirar para derrubar o titular. Todo o meio político já faz insinuações a esse respeito desde que o governador e vice romperam relações institucionais. Deputados costumam chamar Durval de ‘doido’ por seu estilo de fazer política ao velho modelo de enfrentamento petista, mas o governador que o nomeou não acha, ao contrário, concorda com ele e o autoriza a agir dessa forma.
Tanto é que, há dois meses, Pimentel exonerou os principais indicados por Andrade no governo, entre eles o mais alto, o vice-presidente da Cemig, Mateus de Moura Lima Gomes, e o mais próximo do vice. Para reforçar as acusações, Durval usou foto na qual Andrade se deixou fotografar, no dia 4 de outubro passado, fechando acordo com os principais adversários políticos do governador, os tucanos, comandados pelo senador Aécio Neves, para publicizar apoio dado ao então candidato do PSDB a prefeito de Belo Horizonte, João Leite.
“Em troca do apoio a João Leite, a armação tinha a pretensão de selar a sorte de Minas Gerais, preparando o caminho para a ascensão ilegítima do vice traidor ao posto de governador”, denunciou o líder do governo, acrescentando que, “felizmente, para o bem de Belo Horizonte e de Minas Gerais, o tiro saiu pela culatra”, referindo-se à derrota tucana na eleição de segundo turno.
Durval disse ainda que Andrade se reúne, frequentemente, com lideranças tucanas no escritório particular dele e até na sede do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), onde funciona a vice-governadoria, para discutir o processo de votação na Assembleia, que decidirá se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) poderá ou não abrir ação penal contra Pimentel. O vice-governador não foi localizado para comentar as declarações.
Ao reafirmar que o “jogo é pesado”, o relator do processo na CCJ da Assembleia, Rogério Correia (PT), disse que a estratégia da oposição, liderada pelos tucanos, é inviabilizar a administração do governo petista. “O jogo é de vale-tudo, até mesmo no Poder Judiciário, em que eles procuram sempre manobrar contrariamente ao governador eleito”.
Ação e reação
Durante cerimônia de entrega de 50 novas ambulâncias ao sistema prisional, nessa quarta-feira, Fernando Pimentel reagiu às articulações políticas e jurídicas que ameaçam seu futuro político na Assembleia. “Nós sucedemos alguns governos (tucanos) preocupados com grandes entregas, mas com benefícios reduzidos. Nós, nesse momento, estamos dentro de uma grande entrega, essa Cidade Administrativa, que custou R$ 2 bilhões e que – se é que beneficia alguém – beneficia os 18 mil funcionários que trabalham aqui, e que não gostam de trabalhar aqui”, afirmou Fernando Pimentel.
A crítica de Pimentel foi feita um dia depois que o STJ suspendeu votação sobre seu destino na Assembleia e que o ex-operador Marcos Valério (condenado a mais de 30 anos pelo mensalão petista) concluiu a delação premiada sobre esquemas que envolvem tucanos mineiros. Vem coisa por aí.