Lixo da construção civil na mira da extinção

Jornal O Norte
20/04/2006 às 11:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:33

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Prefeituras de Montes Claros e Belo Horizonte, por meio das secretarias de Meio Ambiente desenvolvem projetos que podem acabar com os mini-lixões ocasionados por materiais oriundos da construção civil.




Projetos ambientais podem acabar com mini-lixões formados por entulhos

Conforme declarou a assessoria de comunicação de Meio Ambiente de Montes Claros, há a intenção de mapear os locais que provavelmente receberão materiais como arame e entulhos em geral na cidade. O que está se pensando é implementar técnicas para devolver os dejetos à natureza de forma que não a prejudique. A organização desses locais deve sair no mês de agosto ou setembro.

A assessoria informou ainda que a secretaria trabalha com grupo que atua com uma comissão da qual fazem parte outras secretarias do município e autoridades interessadas na preservação ambiental.

No mês de janeiro último, a resolução do Conama - Conselho nacional do Meio Ambiente, que tem por finalidade reduzir os impactos ambientais resultantes do lixo na construção civil e preservar os recursos naturais, completou um ano. Sendo que muitas construtoras ainda não se adaptaram às novas regras.

RECICLAGEM

A ABCP - Associação brasileira de cimento Portland, órgão técnico do setor cimenteiro, há alguns anos vem desenvolvendo programas e sistemas para incentivar as construtoras a reduzirem a geração de entulhos da construção.

Muitos ainda não sabem, mas reciclar entulho de obra e transformá-lo em blocos de concreto, argamassa, contrapiso e base para pavimentação é algo perfeitamente viável. Tudo com o aval da ABNT- Associação brasileira de normas técnicas, que define parâmetros de qualidade dos agregados reciclados.




(fotos: Wilson Medeiros)

De acordo com informações da assessoria da ABCP, em Belo Horizonte, essa realidade já está presente na vida de ex-moradores de rua que viram numa pequena fábrica de blocos de concreto a oportunidade de melhorar sua condição de vida. Por meio do Programa de reciclagem de entulho da Superintendência de Limpeza Urbana/Prefeitura de Belo Horizonte, eles participaram de um treinamento em 2003, com direito a bolsas de estudo, e hoje são responsáveis pela fabricação e comercialização de blocos de concreto da unidade localizada no Estoril.

VONTADE

Segundo a arquiteta da SLU Sandra Machado Fiúza, no ano passado, foram recebidas aproximadamente 380 mil toneladas de entulho nas duas estações re reciclagem de entulho da construção civil da capital. Esse material representa 40% dos resíduos coletados diariamente em Belo Horizonte. Após o tratamento, o material reciclado serve para substituir areia e brita na confecção de blocos de concreto.

A secretaria municipal de Meio Ambiente de Montes Claros disse que há uma vontade de reciclar como acontece em outros lugares do estado, os resíduos sólidos depositados na natureza, mas que o principal impasse é a falta de um trabalho realizado nesse sentido por outros governos anteriores. Portanto, o que se faz necessário é encontrar em conjunto com os carroceiros uma maneira de melhor depositar os desejos, muitas vezes colocados às margens da rua. 

Alguns moradores de Moc reclamam que os carroceiros depositam os entulhos em lugares impróprios; por isso mesmo, diz a assessoria da secretaria de Meio Ambiente, é preciso mapear antes de tudo os locais onde as unidades de recebimento de entulhos vão estar disponíveis.

RESPONSABILIDADE

Com a resolução do Conama, as construtoras terão de apresentar, junto com o projeto arquitetônico e de engenharia, um programa de gerenciamento de resíduos sólidos, determinando a quantidade, a qualidade do entulho e onde ele será depositado. Além disso, passam a ser responsáveis pela destinação do lixo gerado, ou seja, se o entulho for depositado em local inadequado, a construtora será penalizada com uma multa.

Mesmo antes de a lei entrar em vigor, muitas construtoras já haviam constatado que o entulho no canteiro de obra é sinal de desperdício.

Para amenizar o problema, o Sinduscon - Sindicato nacional da construção civil e representes da cadeia produtiva formataram uma cartilha para orientar as construtoras quanto à destinação do entulho. Essa também tem sido uma preocupação da ABCP, que vem desenvolvendo sistemas construtivos visando à redução dessas sobras. Um exemplo é a utilização de blocos de concreto em alvenaria de vedação modulada, que reduz o consumo de argamassa e a quebra de blocos.

De acordo com o gerente do Projeto Indústria da ABCP, Cláudio Oliveira, a falta de planejamento na obra e a ausência de normalização dos materiais de construção são agravantes para a geração de entulhos.

- Paredes irregulares, por exemplo, são as principais responsáveis pelo gasto excessivo de materiais, como argamassa, blocos e tijolos - explica.

Segundo ele, com 1 metro cúbico de entulho reciclado é possível fabricar 227 blocos de concreto. Com 5 metros cúbicos de entulho, é possível erguer uma casa popular.

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