Maduro ordena expulsão de funcionários diplomáticos americanos

AFP
17/02/2014 às 16:40.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:04

(Juan Barreto)

CARACAS - Uma nova crise explodiu no domingo (17) entre Venezuela e Estados Unidos, depois que o presidente Nicolás Maduro ordenou a expulsão de três funcionários do consulado americano. Eles são acusados de participação em reuniões com universitários, ao mesmo tempo que prosseguem os protestos de estudantes no país.   O chanceler venezuelano Elías Jaua também denunciou nesta segunda-feira a interferência do governo dos Estados Unidos depois dos protestos estudantis dos últimos dias e revelou os nomes dos três funcionários da embaixada americana na Venezuela que têm 48 horas para deixar o país.   "Nosso governo os declarou como personas non gratas e a partir deste momento têm 48 horas para abandonar o país, a funcionária Breean Marie Mc Cusker, segunda secretária exercendo funções de vice-cônsul na Venezuela; o cidadão Jeffrey Gordon Elsen, segundo secretário ante a embaixada dos Estados Unidos em Caracas, e que também exerce funções de vice-cônsul; e Kristopher Lee Clark, segundo secretário", afirmou Jaua à imprensa.   O anúncio da expulsão foi feito na noite de domingo pelo presidente Maduro, que acusou os três funcionários consulares até então não identificados de participar em reuniões com universitários. "Dei a ordem ao chanceler da República de proceder a declarar 'persona non grata' e expulsar do país estes três funcionários consulares da embaixada dos Estados Unidos da América. Que vão a conspirar em Washington!", disse Maduro em rede nacional de rádio e televisão.   Maduro afirmou que a desculpa para as reuniões com os estudantes de universidades privadas era oferecer vistos para os Estados Unidos.   Pouco antes do anúncio da expulsão, o governo venezuelano acusou Washington de tentar "legitimar tentativas de desestabilização", em referência a um comunicado do secretário de Estado, John Kerry.   A Venezuela "rejeita contundentemente" as declarações de Kerry "enquanto constituem mais uma manobra do governo de Washington por promover e legitimar as tentativas de desestabilização da democracia venezuelana efetuadas por grupos violentos nos últimos dias", destaca um comunicado oficial.   No sábado, Kerry destacou que o governo dos Estados Unidos estava "profundamente preocupado" com as "crescentes tensões e a violência" na Venezuela, cenário de quase duas semanas de protestos da oposição e onde os distúrbios deixaram três mortos e dezenas de feridos na quarta-feira passada.   Durante quase duas semanas, milhares de estudantes de todo o país têm protestado nas ruas contra a insegurança, a inflação, a falta de produtos básicos e a detenção de estudantes. Mas desde quarta-feira, os protestos ficaram mais violentos e, no domingo à noite, grupos de manifestantes atacaram com pedras a sede do canal de televisão estatal VTV, denunciou Maduro.   Quase três mil estudantes protestaram em Caracas no domingo. O governo venezuelano afirma que as manifestações são parte de um "golpe de estado fascista em marcha" e acusa grupos de ultradireita.   Milhares de estudantes opositores voltaram a sair às ruas neste domingo em Caracas para denunciar a violência que grupos de encapuzados desataram após as manifestações nos últimos dias, com saldo de três mortos e que atribuem a grupos de infiltrados.   Mais de 3.000 pessoas, em sua maioria jovem, se encontraram no setor leste de Caracas para repudiar a violência registrada em Caracas e outras cidades do país, que desatou autênticas batalhas entre forças da segurança e encapuzados. "Vamos continuar na rua, em paz, sem violência. Exigimos de Nicolás Maduro o desarmamento dos 'coletivos', até que não os desarmem, não deixaremos as ruas!", disse diante da multidão Gabriela Arellano, estudante da Universidade dos Andes (leste) e uma das líderes do movimento.   Os estudantes que pediram mobilizações há 15 dias em diferentes localidades da Venezuela responsabilizam os denominados "coletivos", simpatizantes do chavismo, de estarem armados e serem os responsáveis pela violência.   Na reunião foi decidida uma nova manifestação para segunda-feira que partirá do município de Chacao, cenário de confrontos nas últimas quatro noites, até o centro de Caracas para exigir o desarmamento desses grupos.   Na quarta-feira passada, em Caracas, foi registrada a maior manifestação contra Maduro desde que assumiu o poder em abril de 2013, no final da qual aconteceram distúrbios e ataques à bala que se prolongaram até a noite com saldo de três mortos, mais de 60 feridos e uma centena de detidos.   As mobilizações se iniciaram no começo de fevereiro nos estados de Táchira e Mérida (leste) para denunciar a insegurança nos campi estudantis e o protesto se estendeu em todo o país se somando às demandas de liberdade para estudantes detidos e melhores condições de vida.

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