Magnata com trajetória de polêmicas e vitórias assume hoje a Casa Branca

Da Redação com AFP
primeiroplano@hojeemdia.com.br
20/01/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:29

Menos de 17 meses foi o tempo que Donald Trump precisou para chegar à Casa Branca, superando adversários que perseguiram este sonho por anos.

Mas a ambição política do bilionário que tomará posse hoje como o 45º presidente dos Estados Unidos remonta a 1988. A solenidade que vai oficializá-lo como o chefe de Estado mais poderoso do mundo começa às 12h30 (horário de Brasília).

Foi há quase três décadas, no palco do programa de televisão de Oprah Winfrey, que o magnata deu sinais de que talvez quisesse algo além de poder econômico.

“Se eu disputasse (as eleições), teria grandes chances de ganhar, porque as pessoas estão cansadas de ver os Estados Unidos serem passados para trás”, disse, na ocasião, aos 42 anos. Ontem, durante um breve discurso diante do Memorial Lincoln, em Washington, ele prometeu que irá trabalhar para “unificar” o país. “Realizaremos coisas que não foram feitas no nosso país por muitas décadas”.

“Pensei que tinha perdido”, contou Trump, lembrando que alugou uma pequena sala para a noite eleitoral em Nova York

Lançamento

Em 1999, Trump deixou o partido republicano e planejou brigar pela nomeação do pequeno partido da Reforma, com um discurso de defesa dos “trabalhadores”. Mas jogou a toalha quatro meses depois. 

Apesar da desistência, foi nesta época que ele moldou a retórica patriótica e de tendências protecionistas. O bilionário denunciava os países que “enganavam” os EUA no comércio internacional.

Em junho de 2015, no hall da Trump Tower, em Manhattan, Trump anunciou a candidatura e prometeu “tornar a América grande de novo”, fazendo rir comentaristas.

Em dezembro, propôs fechar as fronteiras aos muçulmanos, pouco após os atentados de Paris. Cresceu rapidamente nas pesquisas: 25, 30 e, por fim, 35% dos simpatizantes republicanos conquistados. Em maio de 2016, foi escolhido pelo partido para concorrer à Casa Branca. 

Trump deixará o próprio Boeing no aeroporto de Nova York e passará a se deslocar em uma aeronave da frota presidencial, o Air Force One

Hillary

Trump adotou tática de guerra contra Hillary Clinton, retratando-a como uma elitista ligada a Wall Street. Durante toda a campanha, capitalizou sobre a onda de descontentamento que varria os EUA, mas acabou favorecido mesmo pelo vazamento de mensagens de Hillary pelo WikiLeaks e pelo renascimento do caso dos e-mails dela.

O cenário, junto à mensagem de mudança de Trump, permitiram ao magnata se destacar. O mundo descobriu com espanto que ex-eleitores brancos de Obama nas classes populares votaram um pouco mais no candidato republicano do que nas eleições anteriores.

Governo se prepara para fase de ‘combate’ com a imprensa

Donald Trump, em guerra com os meios de comunicação desde que sua campanha começou, parece estar afiando os ataques contra as organizações que desafiam seus pontos de vista, agora que se prepara para ocupar o Salão Oval. 

A equipe de Trump insinuou que pode tirar da Casa Branca alguns grupos de imprensa e tomar determinadas medidas para restringir o acesso dos meios à nova administração.

Embora muitos presidentes americanos tenham tido relações tensas com os jornalistas, Trump fez da depreciação da imprensa um elemento central da mensagem de sua campanha, prenunciando uma relação complicada para os próximos anos.

Na primeira e única coletiva de imprensa desde a eleição, em 11 de janeiro, Trump começou atacando o site BuzzFeed News por publicar o que ele considera um relatório falso sugerindo que a Rússia tinha informações comprometedoras sobre ele. 

Quando o correspondente da CNN para a Casa Branca, Kim Acosta, cuja rede informou sobre as mesmas alegações, pediu para fazer uma pergunta, o presidente eleito disse: “Você não” e, voltando a atacar: “Vocês são notícias falsas”.

Alguns, no entanto, acreditam que o tratamento hostil do governo aos meios de comunicação pode ter um efeito positivo, já que impulsionará a imprensa a desempenhar seu papel de inspetora em relação ao poder.

Republicano chega a Washington com vontade de trabalhar

Na véspera de prestar juramento como o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump chegou de avião, ontem, a Washington para dar início a um mandato de quatro anos determinado a transformar a política americana e deixar o legado de Barack Obama para trás.

“Esta viagem começa e vou trabalhar e lutar muito para que esta seja uma grande viagem também para os americanos. Não tenho dúvidas de que juntos devolveremos a grandeza aos Estados Unidos”, publicou o republicano no Twitter na manhã de ontem, antes de deixar Nova York.

O bilionário, que se vangloria de ter 20 milhões de seguidores na rede social, deixou seu QG nova-iorquino, a Trump Tower, com destino à capital federal, onde vai permanecer pelos próximos quatro anos, pelo menos.

Na capital americana, Donald Trump e seu vice, Mike Pence, serão empossados em pomposa cerimônia hoje no Capitólio, que vem sendo preparado há semanas para o grande evento.

A cerimônia de juramento, ao ar livre, acima da escadaria do centro legislativo, começará ao meio-dia (15h de Brasília), como estabelecido na Constituição, e será transmitida pela TV de todo o planeta, em um dia com previsão de chuvas.

Centenas de milhares de cidadãos, entre partidários e opositores ao novo presidente começaram a chegar à capital para participar deste ritual democrático do qual vão participar dirigentes políticos de todo o país, entre eles a adversária de Trump na disputa à Casa Branca, a democrata Hillary Clinton e três ex-presidentes.

Mão na massa

O republicano prevê estampar sua assinatura em quatro ou cinco decretos ainda hoje e em muitos outros, mais importantes, a partir de segunda-feira, com a finalidade de desmontar tudo o possível da gestão de seu antecessor Barack Obama sem esperar o Congresso, em temas como imigração, meio ambiente, energia, direito trabalhista.

“Trump tem pressa real de chegar à Casa Branca e começar a trabalhar para os americanos”, disse nesta quarta-feira seu vice-presidente, o conservador Mike Pence, de 57 anos.

Discurso terá inspiração em Kennedy e Ronald Reagan

Em dezembro, em seu clube privado na Flórida, Donald Trump disse que queria se inspirar em John F. Kennedy e Ronald Reagan em seu discurso de posse.

Em 1961, em plena Guerra Fria, o também democrata Kennedy conclamou seus concidadãos, em seu discurso inaugural, a não reivindicar que os Estados Unidos fizessem algo por eles, mas se perguntar o que eles podiam fazer pelo país. Em 1981, do mesmo partido, Reagan disse que “o governo não é a solução para nossos problemas, o governo é o problema”.

Trump consultou vários historiadores, observou discursos de alguns de seus antecessores e foi aconselhado por seus assessores, mas o texto que lerá hoje será “um texto Trump. É ele que o redige, edita e corrige”, comentou seu porta-voz, Sean Spicer.

A duração do discurso seria de 20 minutos, como o de Barack Obama em 2009, disse o porta-voz. Segundo ele, será um discurso “muito pessoal” e terá um tom “filosófico”.

“Explicará o que significa ser americano, os desafios aos quais estamos confrontados”, destacou, e evocará em particular o tema da educação.Editoria de Arte / N/A

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