JERUSALEM - O influente rabino israelense Ovadia Yosef, líder espiritual do partido ultraortodoxo sefardita Shas, faleceu nesta segunda-feira (7) aos 93 anos, em Jerusalém, onde mais de 500.000 pessoas se reuniram para dar o último adeus.   O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu expressou, em um comunicado, sua profunda tristeza pela morte "deste gigante da Torá, um guia das multidões". "Admirava muito sua personalidade doce e sua retidão. Aprendi muito com ele em cada um de nossos encontros", declarou Netanyahu.   O presidente israelense, Shimon Peres, interrompeu um encontro com o colega tcheco Milos Zeman para visitar o rabino Yosef no hospital pouco antes de sua morte e depois voltou para rezar diante de seu corpo.   "Era nosso pai, o pai de todos, nosso dirigente, e ficamos órfãos e sozinhos sem ele. Quem nos guiará agora?", questionou, entre lágrimas, o deputado Aryeh Deri, líder político do partido Shas. Até o presidente palestino, Mahmud Abbas, pediu que suas condolências fossem transmitidas à família de Ovadia Yosef.   Mais de 500.000 pessoas, em sua maioria ultraortodoxos usando negro, se reuniram para o funeral do líder religioso. Várias pessoas tinham a camisa rasgada em sinal de luto e recitavam salmos. A maré humana paralisou grande parte da Cidade Sagrada e muitos bairros foram fechados ao tráfego. Milhares de policiais e voluntários foram mobilizados para garantir a ordem e a segurança da multidão. Este é o maior enterro já registrado na história do Estado de Israel, segundo a polícia.   Quarenta seguidores ficaram feridos por causa do tumulto no enorme cortejo que acompanhava o caixão do rabino até o cemitério Sanhedria, em Jerusalém. Três pessoas tiveram de ser internadas. Rádios e televisões interromperam seus programas depois do anúncio de sua morte.   A influência de Yosef, ex-grão rabino de Israel, não se limita ao mundo religioso sefardita. Durante muito tempo foi considerado um "fazedor de reis", já que os líderes israelenses frequentemente recorriam ao Shas para formar maioria no governo.   Em agosto de 2012, o primeiro-ministro Netanyahu enviou um de seus principais colaboradores para obter seu apoio em caso de um eventual ataque ao Irã, grande inimigo israelense acusado de tentar produzir uma bomba atômica. Durante as últimas eleições de 22 de janeiro, o Shas obteve onze cadeiras de um total de 120 no Parlamento unicameral (Knesset), ficando na oposição pela primeira vez em muitos anos.   No início dos anos 80, o rabino Yosef se pronunciou a favor de concessões territoriais aos palestinos para alcançar a paz. Mas nos últimos tempos assumiu posições cada vez mais nacionalistas, aliando-se frequentemente com a direita devido à pressão da base.   Considerado um excepcional conhecedor da Torá, o rabino Yosef costumava dirigir-se aos fiéis usando uma linguagem bem popular, cheia de ditados, misturando citação de textos sagrados e deboches às custas de seus adversários.

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