Mais investimentos para a atividade apícola

Jornal O Norte
20/06/2008 às 09:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:36

Apesar de o Brasil ainda enfrentar o embargo da União Européia ao mel nacional as exportações para os EUA continuam pujantes



Valéria Esteves


Repórter

Apicultura cada vez mais amparada. Ao que tudo indica e se depender do Idene os apicultores norte-mineiros e do Vale do Jequitinhonha serão beneficiados com o aporte de R$ 320 mil para serem aplicados na construção de casas de mel, aquisição de equipamentos e implantação de unidades de apicultura para produção de mel e seus subprodutos. Os municípios a serem beneficiados são Pintópolis, Urucuia e Monte Formoso.

Os recursos serão repassados pelo Idene/Sedvan- secretaria de estado Extraordinária para o Desenvolvimentos dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas. Vale lembrar que a previsão é que uma média de 20 famílias sejam diretamente envolvidas neste projeto de incremento da renda dos agricultores que por sua vez estão organizados em associações comunitárias.

Em Montes Claros, a Apisnorte - Associação dos apicultores do Norte de Minas tem buscado pela melhoria no trabalho é constante. Nas últimas exposições agropecuárias de Montes Claros a associação tem levado seus produtos para apresentar a comunidade tudo o que pode levar o acompanhamento do mel. Em todos os produtos as embalagens informam o valor nutricional do mel e até mesmo da cera. A caixa de mel também tem grande saída.

Segundo Francis Feitosa de Holanda as informações dispostas nas embalagens tem o cunho de popularizar o mel tanto no Norte de Minas quanto no estado.

Empenhados pelo auxílio do Sebrae na Geor - Gestão estratégica organizada para resultados a entidade tem a pretensão de inserir o mel na cesta básica e na merenda escolar, além de aumentar a produção de mel na região.

Outro grande anseio é convencer os consumidores a utilizar o mel no lugar do açúcar, já que esse produto vem de outros estados. Durante as feiras agropecuárias são distribuídas bolachas com mel e não demora muito para o stand estar lotado de degustadores que acabavam comprando o produto.

O fato é que a apicultura tornou-se o ganha pão de muita gente no Norte de Minas especialmente em Montes Claros, Bocaiúva, Pirapora entre outros municípios que passaram a tratar a atividade como negócio. Depois de muitas investidas do Sebrae os apicultores estão se firmando e aos poucos têm mostrado que é possível produzir mel e comercializá-lo dentro e fora de seus municípios.

O produtor José Fortunato de 21 anos disse tem aprendido muito com os cursos realizados pelo Senar- Serviço de aprendizagem rural e que depois disso agora já sabe identificar o ciclo reprodutivo das abelhas, os utensílios e equipamentos necessários para a prática da apicultura, as condições ideais para a instalação de um apiário, mediante estudo da flora e adensamento das colméias.

Na realização dos cursos os instrutores dão ensinamentos práticos e os alunos recebem orientações de como abrir corretamente a colônia, selecionar os melhores favos de cria.

As turmas aprendem também a colher o mel maduro mediante o uso de técnicas corretas, depois processar o mel utilizando procedimentos higiênicos e para finalizar vão aprender a derreter e processar a cera, explica o instrutor Sérgio Silveira.

Nesse sertão onde a seca castiga na maior parte do ano, os produtores rurais têm visto na apicultura uma alternativa de renda.

O produtor rural, Clemente Cardoso, acredita que só agora se sente um profissional da Apicultura. - Aos 45 anos, eu aprendi também a produzir outros produtos das abelhas a partir do pólen, como geléia real, apitoxina, própolis e mel em favo, estou orgulhoso e satisfeito com o curso, afirmou o produtor.

EXPORTAÇÃO

O Brasil registrou nos últimos tempos uma alta nas exportações de mel, e o setor aproveitou para se organizar e buscar a certificação orgânica. A experiência tem sido seguida por um grupo de 62 dos 74 apicultores da Apivale- Associação Regional de Apicultores e Exportadores do Vale do Aço. Como resultado desse esforço, que teve o apoio da Emater-MG, os produtores tornam-se aptos a entrar no mercado e podem vender o produto por um valor maior.

Em outros municípios a apicultura tem se manifestado mais intensamente, como acontece em Pirapora, onde a produção de mel e seus compostos, própolis, o mel ainda no favo, ou até mesmo no balde, mais comumente trabalhado, segundo os apicultores, rende uma média de até R$ 400.

Na região de Januária, essa atividade também é crescente. O apicultor Roberto Rodrigues diz que com 28 colméias consegue tirar até R$ 300 por mês, sendo que sua pretensão é aumentar a produção.

- Quero viver o restante de minha vida sendo apicultor, mesmo porque não me vejo em outra profissão. Sustento a minha família é com esse dinheiro – afirma Roberto.

EMBARGO

O embargo europeu ao mel brasileiro, desde março de 2006, não impede que as exportações brasileiras desse produto continuem crescendo. Em março do ano passado, o valor da exportação de mel duplicou e a quantidade exportada aumentou mais de 150% em relação o mês de fevereiro de 2007.

As exportações do país atingiram US$ 1,7 milhão e 2,033 milhões quilos, em março, frente aos US$ 865,4 mil e 486,4 mil quilos exportados em fevereiro. Porém, a receita de exportação com o produto no primeiro trimestre do ano (US$ 3,11 milhões) ainda é 48% inferior a do mesmo período de 2006 (US$ 6,011 milhões).

O consultor da Unidade de Agronegócios do Sebrae e coordenador nacional da rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Reginaldo Resende, explica que a queda relativa na receita é justificada, em parte, pelo fato das exportações de mel no primeiro trimestre do ano passado terem sido atípicas.

- Naquele período houve um grande aumento nos volumes de mel brasileiro importado pela Europa, antes do embargo europeu ao produto brasileiro - ressalta. No primeiro trimestre de 2006, só a Alemanha respondeu por 68% das importações de mel do Brasil.

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