Um grupo de manifestantes conseguiu furar o bloqueio policial e invadiu o Palácio do Itamaraty, na Esplanada dos Ministérios. O pequeno grupo conseguiu chegar ao segundo andar do prédio e outros manifestantes ocupam o espelho d'água em frente ao Itamaraty. Alguns se posicionaram em cima da escultura denominada Meteoro que fica no local. Os manifestantes correram na direção do Itamaraty logo após a Polícia Militar soltar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Uma pessoa não identificada na multidão atirou uma pedra contra a sede do Banco Central (BC) e deixou o vidro do edifício quebrado. Segundo a assessoria de imprensa do BC, não há o menor risco de invasão. A segurança do prédio foi reforçada.
Concentrados em frente ao Congresso Nacional, muitos manifestantes já invadiram o espelho d'água, que é o limite negociado com a polícia para o protesto. Existe amplo efetivo policial, no momento, garantindo a segurança dos prédios públicos na Esplanada.
Por volta das 18 horas desta quinta-feira (20), cerca de 200 homens do Batalhão de Choque da Polícia do Exército (PE) formavam um escudo-humano para proteger o Palácio do Planalto, assim que teve início a aproximação de manifestantes que ocuparam as vias da Esplanada dos Ministérios. Assessores da presidente Dilma Rousseff acompanham pelas janelas do palácio a movimentação. Enquanto isso, a Praça dos Três Poderes, localizada na parte posterior do Congresso, onde também fica o Supremo Tribunal Federal (STF), está praticamente deserta por causa do bloqueio da área pela Polícia Militar (PM).
Dilma estava no Planalto, despachando no gabinete. O último compromisso dela no dia, de acordo com a agenda oficial, era uma audiência com a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, às 16 horas. Em meio à exaltação de ânimos de manifestantes que tomam conta das avenidas de Brasília, a presidente deixou o Palácio do Planalto, que é protegido por cerca de 200 homens do Exército. Ela teria cancelado a viagem programada para esta sexta-feira (21) para Salvador, onde anunciaria o Plano Safra do Semiárido.
A Polícia Militar e os manifestantes que estão no Congresso Nacional entraram em confronto. Os manifestantes chegaram a arremessar rojões contra a Tropa. O conflito ocorreu do lado direito do espelho d'água do Congresso e um manifestante foi detido. A PM já calcula a presença de 30 mil manifestantes no local.
Um policial militar foi socorrido desacordado, após ser atingido por um mastro de bandeira. Apesar de usar capacete, a força do golpe foi suficiente para feri-lo. Um paramédico e um policial legislativo carregaram o PM numa cadeira de rodas para a enfermaria da Câmara dos Deputados.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou o Congresso pela garagem, evitando a manifestação. O caminho dá acesso a uma saída próxima ao Palácio do Planalto. Mais cedo, Renan e o então presidente interino da Câmara, André Vargas, esperavam lideranças do movimento. No entanto, não foram identificados representantes do protesto. "Importante deixar claro que o Parlamento continua aberto ao povo", disse.
Alguns senadores permanecem na Casa e afirmam que só irão embora após o fim da manifestação, como Paulo Paim (PT-RS), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Pedro Taques (PDT-MT).
Calheiros classificou a manifestação como "democrática e legítima". "A maior demonstração de humildade que o Parlamento pode dar, como casa do povo, é estabelecer um nova agenda em função das manifestações", disse.
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