Diversas cidades brasileiras registram nesta sexta-feira (14) manifestações por mais recursos para a educação e contra as mudanças nas regras de aposentadoria. Convocada por centrais sindicais e outras entidades representativas de trabalhadores, a paralisação afeta, principalmente, o sistema de transporte público das cidades. De acordo com as centrais sindicais, estão previstos atos em mais de 300 cidades do país de 26 estados.
São Paulo
O Metrô de São Paulo ficou parcialmente paralisado devido a adesão dos trabalhadores à greve contra a reforma da Previdência. A Linha 1 – Azul, funcionava na manhã desta sexta-feira (14) entre as estações Luz e Saúde, deixando a zona norte da cidade descoberta pelo serviço. A Linha 3 – Vermelha operava entre as estações Marechal Deodoro e Tatuapé, deixando sem o transporte parte da zona leste e impedindo a interligação dos ônibus e trens metropolitanos na Estação Barra Funda. A Linha 2 – Verde manteve a maior cobertura, circulando entre as Clínicas e o Alto do Ipiranga. O Monotrilho, Linha 15 Prata, foi completamente paralisado.
O Metrô afirmou, por nota, que caso o serviço não seja mantido com um mínimo de 80% de operação nos horários de pico, conforme estipulado em liminar judicial, os empregados poderão sofrer sanções. “Os trabalhadores serão penalizados caso a decisão não seja respeitada. O movimento político, contra a reforma da previdência, prejudica milhões de pessoas em São Paulo”, enfatizou o comunicado.
Parte do serviço de ônibus intermunicipais que atende a região metropolitana da capital também parou. De acordo com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), a greve afetou as linhas que atendem os municípios de Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, com a interrupção das atividades em sete empresas da região.
Os ônibus e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) funcionaram normalmente. Na quarta-feira (12), a Prefeitura de São Paulo havia obtido uma liminar na Justiça para impedir a adesão dos cobradores e motoristas à greve. As linhas Lilás e Amarela do Metrô, que são operadas por empresas privadas, também funcionaram normalmente.
A cidade também enfrentou manifestações em diversos pontos. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os protestos interferiram na circulação das avenidas João Dias, na zona sul, na Francisco Matarazzo, na zona oeste, Dona Belmira Marin (zona sul), Santos Dummond (zona norte), Vinte e Três de Maio (centro) e no Elevado Costa e Silva, também no centro. Em alguns desses pontos foram feitas barricadas com pneus em chamas para impedir a passagem dos veículos.
Parte dos trabalhadores do sistema bancário também aderiu à paralisação. Com isso, agências em diversas partes da cidade amanheceram fechadas. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, afirma que a greve também atingiu centros administrativos do Banco do Brasil, Santander, Bradesco, Caixa Econômica e Itaú.
Rio de Janeiro
Duas rodovias foram ocupadas por manifestantes na capital fluminense. O principal protesto foi realizado pela manhã, na BR-101, na altura do município de Campos. A rodovia ficou totalmente fechada por quase três horas: das 5h às 7h46. A BR-040, que liga a capital à região serrana) ficou parcialmente fechada, na altura do km 113, próximo à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), em Duque de Caxias.
Na capital, manifestantes fecharam parcialmente a Avenida Brasil, na altura do Caju, próximo ao centro. A polícia usou bombas de efeito moral para dispersar a multidão. O trânsito foi liberado pouco antes das 8h, causando engarrafamento com reflexos na zona norte e em Niterói. O trajeto pela ponte Rio-Niterói, que normalmente é feito em 20 minutos, chegou a mais de uma hora, no sentido Rio de Janeiro. Foram registrados protestos também em Niterói.
Metrô, trens da Supervia e ônibus funcionam normalmente até o momento.
Curitiba
Manifestantes contrários à reforma da Previdência bloquearam totalmente os dois sentidos do Contorno Sul de Curitiba, das 7h às 9h. Outro bloqueio ocorreu na BR-476, em Araucária, nas imediações da Petrobras. Os manifestantes interromperam o trânsito na rodovia por cerca de uma hora.
Policiais rodoviários federais estiveram no dois locais para garantir a segurança dos motoristas.
Bolsonaro comenta greve
Durante um café da manhã com jornalistas hoje, o presidente Jair Bolsonaro foi perguntado sobre a greve. O presidente disse ver o movimento como algo natural. "[Vejo] com muita naturalidade. Quando resolvi me candidatar, sabia que ia passar por isso", disse.
Sobre reforma da Previdência, alvo das paralisações de hoje, Bolsonaro voltou a defender a importância das mudanças nas regras da aposentadoria, sem as quais os empresários não terão "segurança para investir".