Mapa diz que produção de cana-de-açúcar não prejudica a de grãos no Brasil

Jornal O Norte
12/11/2007 às 15:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:22

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

A expansão da área plantada de cana-de-açúcar já tem chamado a atenção do Mapa-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em Minas Gerais, especialmente nas regiões do Triângulo Mineiro, os produtores não têm economizado nem espaço nas propriedades nem esforços para expandir a produção de cana para a indústria.

No Norte de Minas a busca pelo fortalecimento da bioenergia está cada vez mais intensa. No Projeto Jaíba a Sada Bioenergia bem como o grupo Iba Agroindustrial tem planejado processar tanto biodiesel quanto cana para obtenção do etanol.

Mais de 450 mil hectares de cana devem ser plantados nos próximos anos na região. Segundo dados da Unica – há um pequeno problema com as exportações de álcool combustível. Esse ano conforme Eduardo de Carvalho, presidente da entidade, o volume das exportações de álcool, num total de 2,9 bilhões de litros no período, dificilmente se repetirá na próxima safra. A produção local dos Estados Unidos cresce a uma velocidade maior que a do Brasil e antigos clientes do álcool nacional, como a Índia, deixaram de importar o combustível brasileiro.

O período 2006/07 foi extremamente favorável para o setor, não só por causa do clima propício. A demanda manteve-se aquecida, tanto no mercado interno, quando no internacional. Novas leis ambientais contribuíram para que as distribuidoras americanas comprassem álcool brasileiro e se dispusessem a pagar a sobretaxa de 54 centavos de dólar o galão, o que corresponde a 14 centavos de dólar o litro.

No centro da polêmica sobre eventual redução das áreas dedicadas ao plantio de grãos e cereais no Brasil em razão do boom do etanol, as lavouras de cana-de-açúcar devem ocupar uma área de 66,6% superior aos atuais 6,16 milhões de hectares nos próximos 12 anos.

O Mapa divulgou um estudo de Projeções do Agronegócio no Brasil e no Mundo, recém-concluído pela assessoria de Gestão Estratégica do Ministério, onde indica que a fatia da cana sobre o total plantado no país saltará nada menos do que 42,2% nestes 12 anos, passando dos atuais 11,6% para 16,5% na safra 2017/18 - ou 10,3 milhões de hectares. Com isso, a produção de etanol saltaria 120%, passando de 18,9 bilhões para 41,7 bilhões de litros.

O trabalho, assinado pelos pesquisadores José Garcia Gasques e Eliana Teles Bastos, aponta que a área da soja deve seguir como carro-chefe do setor rural, mas que ela aumentará 24,5% em 12 anos, chegando a 25,7 milhões de hectares no país. A participação no total cultivado deve subir apenas 5,8%, passando de 39% para 41,2%. As projeções obtidas pelo Valor envolvem 16 produtos do agronegócio e são baseadas em dez diferentes fontes de informação agropecuária, nacionais e internacionais.

A área plantada com as oito principais lavouras brasileiras deve crescer 17,6% em 12 anos. Arroz, feijão e café devem ceder participação ao forte crescimento de cana, trigo e soja. Pelos cálculos da pesquisa, o volume da produção brasileira, atualmente em 127 milhões de toneladas, deve somar 161,5 milhões de toneladas nos próximos 12 anos.

- No global, há potencial para chegar até 227,3 milhões de toneladas, mas a expansão da produtividade determinará o avanço, afirma José Garcia Gasques, coordenador-geral de Planejamento Estratégico do ministério da Agricultura.

Só a produção de soja tem potencial para saltar 31% em 12 anos, de 57,5 milhões para 75,4 milhões de toneladas. No milho, a expansão seria de 25,6%, de 51 milhões para 64,1 milhões. (com agências)

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