Marcio Lacerda vetou Délio Malheiros, diz Domingos Sávio

Felipe Motta e Tatiana Moraes
primeiroplano@hojeemdia.com.br
Publicado em 29/07/2016 às 23:07.Atualizado em 15/11/2021 às 20:04.

Repercutiu entre antigos aliados a entrevista exclusiva do prefeito Marcio Lacerda (PSB) ao Hoje em Dia, publicada nesta sexta-feira (29). Tucanos rebateram a versão do gestor para o rompimento entre o partido dele e o PSDB.

Na entrevista, Lacerda afirmou que havia uma negociação entre as duas legendas para a definição de candidatos à sucessão na PBH este ano. Mas, num dado momento, dirigentes tucanos não teriam aceitado a continuidade do processo, impondo o nome do deputado João Leite.

Lacerda ainda afirmou que, em 2012, o PT não aceitou a não coligação para vereadores, já que o PSB, naquele ano, havia decidido se unir ao PSDB.
“O rompimento foi por parte do PT”, disse o prefeito. “A versão atual é a de que eu teria rompido com o PT. E agora estaria rompendo com o PSDB”.

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Brant
O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Domingos Sávio, afirmou ontem que respeita a história construída com Lacerda e não negou a possibilidade de retomar a parceria futuramente. No entanto, rebateu o conteúdo da entrevista, afirmando que a “proposta de romper foi do prefeito”.
Domingos Sávio pontua que a decisão de escolha de Paulo Brant como candidato foi feita por Lacerda de forma isolada. “Ele não ouviu os aliados e o próprio partido. E há algo mais crítico: o Brant era filiado ao PSDB. O prefeito tomou a iniciativa de tirar o Paulo do PSDB, ao qual era filiado, sem fazer nenhum tipo de comentário a nós”.

Para Sávio, se Lacerda tivesse de fato a abertura de apoiar um candidato tucano, teria conversado com o PSDB para lançar Brant antes de abril.

Domingos Sávio

Domingos Sávio

Sucessor
Ainda de acordo com Domingos Sávio, o caso envolvendo a candidatura do vice-prefeito, Délio Malheiros (PSD), é diferente da versão posta por Lacerda. O nome de Délio, diz o tucano, teria sido vetado duas vezes.

“Em 2015, o PSDB procurou o prefeito para filiar o Délio e o prefeito vetou. Isso foi por alguns meses. Falou que ele não era o perfil adequado e que se nós fizéssemos isso, criaria uma falsa expectativa de candidatura nele”, afirma.

Naquele momento, afirma Domingos Sávio, como a candidatura de João Leite ainda não estava colocada, seria possível criar “ambi-ência” no ninho tucano para viabilizar Délio.

Sávio afirma que somente em abril deste ano, quando não era mais possível, na avaliação do político, se criar um ambiente para acolher Malheiros, foi que Lacerda procurou o senador Antonio Anastasia e Délio para sugerir a filiação do vice ao PSDB. “Isso chegou no prazo limite para filiação. Naquele momento, já havia um nome consensual dentro do PSDB”.

Délio teria sido aconselhado por Anastasia a procurar um partido que viabilizasse a candidatura dele, já que o atual vice não via o PV como “adequado”. Há algumas semanas, o nome de Délio teria sido novamente sondado para viabilizar a união entre as legendas, e Marcio, novamente, teria negado, diz Sávio.

Outra tentativa
“PSDB, PP, PTB, DEM, PPS e PSB vinham conversando. Num dado momento, já próximo de iniciarmos o processo mais conclusivo de pré-candidaturas, o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP) teve a missão de ir ao Lacerda e disse que esse grupo não via possibilidade de apoiar Paulo Brant”, diz Sávio.

O grupo não reconhecia em Brant a experiência necessária para a corrida. “Isso agora, há poucas semanas. Délio já estava no PSD”, afirmou o tucano.

Vice diz não ter participado diretamente das negociações

Sobre a ruptura do PT com o PSB, em 2012, o ex-vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), que brigou com Lacerda quando ainda cumpria mandato, também ficou contrariado. “Naquele ano, ele deu a palavra para o presidente do PT, Rui Falcão, de que a coligação seria uma chapa proporcional. Na última hora, rompeu o acordo”, afirma.

Lacerda
A assessoria do prefeito Marcio Lacerda foi procurada para comentar as declarações de Domingos Sávio sobre a composição das candidaturas, mas o gestor não pôde se manifestar na tarde de ontem. De acordo com os assessores, a melhor pessoa para se posicionar seria o próprio Délio Malheiros.

Aliados do prefeito reforçam, no entanto, que Lacerda teria se esforçado para levar o nome de Délio ao senador Aécio Neves (PSDB), como chave de união do grupo, por diversas vezes.

“Quanto ao nome do Paulo (Brant), não foi aceito pelos outros partidos porque era um indicado pelo Marcio. Brant era um quadro esquecido pelo PSDB. Hoje a administração pública é uma coisa extremamente complexa e isso pesou na escolha do Brant. O João (Leite) não tem preparo. Nunca teve experiência de gestão e isso pesou”, diz um aliado do prefeito.

Com a palavra
Procurado, Délio Malheiros alegou não poder comentar os posicionamentos, já que não participou diretamente das conversas envolvendo os dois grupos. “Não sei o que aconteceu. Um reclamava comigo do outro, mas eu não estava nessas reuniões”, diz.

Délio ainda afirma que lamenta que o fim da coalizão entre tucanos e o PSB tenha acontecido. “Havia um cenário propício. Fico até lisonjeado que ambos os lados tenham colocado o meu nome. Mas fico chateado com o desfecho. Lamento que tenha acontecido. Por pouca coisa, isso não foi resolvido”, diz o vice-prefeito.

 

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