Marina sinaliza apoio à candidatura tucana ao Planalto

Agências Estado e Folhapress
06/10/2014 às 09:07.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:29

(Miguel Schincariol)

Fora do segundo turno e apesar de não citar nomes, Marina Silva sinalizou na noite de ontem que pode apoiar um dos candidatos à Presidência, diferentemente da posição que tomou em 2010, quando se declarou neutra. Em um espaço de eventos em São Paulo, ela afirmou que o programa de governo que lançou é a base de qualquer diálogo e indicou na direção de Aécio Neves (PSDB), da oposição, ao afirmar que “o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que aí está” e que reivindica uma “mudança qualificada”.

“É com esse senso de responsabilidade que participarei como liderança. (...) Nós vamos fazer a discussão, mas obviamente que estatisticamente a população mostra isso (sentimento de mudança). Não dá para tergiversar com o sentimento do eleitor”, afirmou, respondendo ao questionamento se descartava o apoio a Dilma.

Aliados de Marina começaram a prospectar sua posição no segundo turno já na tarde de ontem. Alguns afirmam que a ex-senadora deve seguir a posição de 2010, quando não apoiou nenhum dos dois finalistas. No entanto, há no partido quem defenda que ela declare voto. Nesse caso, as maiores apostas são para a aliança com o tucano Aécio Neves.

Apesar de terem detectado a curva de crescimento do tucano, o resultado final deixou muitos marineiros perplexos com o desempenho da candidata, que lembra o do presidenciável Ciro Gomes (PPS) em 2002, ou o do candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno (PRB) em 2012 – chegaram a alcançar o topo das pesquisas mas desidrataram no final, ficando fora do segundo turno.

Beto Alburqueque condiciona aliança a programa de governo

O vice na chapa de Marina Silva (PSB), deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), corroborou a sinalização da candidata de inclinação a apoiar o candidato tucano Aécio Neves, mas marcando de forma dura a defesa por uma aliança que se baseie no programa de governo da coligação.

“Eu pessoalmente tenho muita dificuldade (de apoiar a Dilma). Eu, como gaúcho, não sou um homem de levar desaforo para casa. Nem de esquecer calúnias e vilanias como foram criadas contra a nossa candidatura”, afirmou. Mas ressaltou ser uma postura pessoal e que o PSB ainda se reunirá para tirar uma posição coletiva.

Sobre o programa, disse ser importante adotar uma postura firme antes de fechar qualquer apoio. “Vamos ver agora se vão ter uma leitura diferente do nosso programa, temos que saber se isso é honesto. Em 2010 a Marina entregou para a ‘Dona Dilma’, que assinou inclusive a incorporação de uma série de questões do programa e que depois foi ignorado. A velha política para ganhar apoio topa qualquer coisa e depois não cumpre. Nós não vamos entrar nesse jogo do me engana que eu gosto”.

“Nós marcamos oposição não apenas ao governo, que é uma característica com Aécio. Nós marcamos uma oposição a essa velha política que tem uma expressão muito forte que aí está”.

Beto também fez menção ao desempenho da candidatura, reforçando o discurso de Marina de que não saem derrotados das urnas. “Eu e a Marina não vamos para o segundo turno, mas vamos dormir tranquilos hoje. Nossos eleitores não foram eleitores de voto útil, mas de um programa de governo. Nós vamos manter isso”.

Aliados dizem que Marina assumiu uma campanha que não fora preparada para ela, mas confiaram que a sua biografia e a mobilização do PSB, somadas ao discurso de nova política, seriam suficientes para mantê-la no auge da onda formada pela comoção com a tragédia da morte de Campos. Não foram.

Agências Estado e Folhapress
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por