A Mata Atlântica, que em 2010 representava 42% da retirada de água do país, passou a 39% em 2017. Este bioma concentra grande parte da população brasileira e, mesmo com a redução, apresenta a maior captação de água do país, com destaque para o abastecimento urbano.
Os dados constam do estudo Contas de Ecossistemas: Condição dos Corpos Hídricos, divulgado nesta quinta-feira (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A agricultura irrigada foi a principal responsável pela retirada direta de água, seguida do abastecimento humano urbano
Tanto em 2010 quanto em 2017, a segunda maior captação foi observada no Cerrado, que passou de 20% da retirada de água do país para 23%. O Cerrado apresentou a maior taxa de crescimento de retirada de água, que se deu principalmente para a irrigação e expansão agrícola.
Em terceiro lugar, vem o Pampa, que manteve a taxa de 17% de captação de água em 2010 e 2017. Este bioma, por sua vez, tem grande participação na agricultura irrigada no país, com destaque para o cultivo de arroz.
A agricultura irrigada foi a principal responsável pela retirada direta de água, seguida do abastecimento humano urbano, indústria de transformação, abastecimento animal, termoeletricidade, abastecimento humano rural e mineração.
Usos da água
Em média, verificou-se que, em cada um dos biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa, 25% da água captada foram para fins de irrigação da agricultura em 2010, sendo que esse resultado não mudou significativamente em 2017.
Em relação ao segundo principal uso da água no país, o abastecimento humano urbano, cerca de 64% da captação de água destinada para essa finalidade ocorreram no bioma Mata Atlântica em 2010 e 2017.
A maior parcela de água captada para abastecimento animal ocorreu no Cerrado em 2010 e 2017: 33% da água captada para essa finalidade no país foram realizadas nesse bioma devido à atividade agropecuária na região.
O risco de extinção das espécies aquáticas avaliadas incidia mais sobre a fauna (vertebrados, na maioria) e a flora da Mata Atlântica, num total de 360 espécies ameaçadas. Em seguida, vinham o Cerrado (216) e a Amazônia (104). Já o maior percentual de vertebrados ameaçados estava na Mata Atlântica (11,3%), com Cerrado (9,1%) e o Pampa (7,8%) em seguida.
Produtos não madeireiros
O IBGE também divulgou hoje a publicação Contas de Ecossistemas: Produtos Florestais Não Madeireiros. O estudo apresenta dados analisados entre 2006 e 2016.
A Amazônia e o Cerrado são os biomas com a maior variedade dos dez produtos florestais não madeireiros pesquisados: açaí (extraído e plantado), látex coagulado (extraído e plantado), erva mate (extraída e plantada), palmito (extraído e plantado), castanha-do-pará, pequi (fruto e amêndoa), babaçu, carnaúba (cera e pó), jaborandi e piaçava.
Os maiores aumentos na produção foram do açaí extraído (113%), da erva mate cultivada (45%) e extraída (51%) e do palmito cultivado (60%). Com forte valorização no mercado nacional e internacional, o açaí teve aumento de 113% na quantidade extraída, saindo de 101,3 mil toneladas em 2006 para 215,4 mil toneladas, em 2016.
Na Mata Atlântica, destaca-se a produção de 347 mil toneladas de erva mate extraída e, na Amazônia, a extração de açaí (215 mil toneladas).
Esses dois estudos compõem o Sistema de Contas Econômicas Ambientais, que seguem as recomendações das Nações Unidas para promover a integração dos benefícios gerados pela natureza ao Sistema de Contas Nacionais do IBGE.
Os dados são experimentais e estão em fase de teste e avaliação. Segundo o instituto, sua publicação pretende incluir a sociedade no processo de desenvolvimento desses indicadores desde os estágios iniciais.
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