Parece equivocada a posição adotada por Conselhos Regionais de Medicina, entre eles o de Minas, contra a vinda de médicos estrangeiros, principalmente cubanos. Em manifestações publicadas pela imprensa neste fim de semana, fica claro o questionamento político ao governo, por parte de alguns presidentes de Conselhos, no mesmo dia em que médicos de várias nacionalidades começaram a desembarcar no Brasil, atraídos pelo programa Mais Médicos.
Em Belo Horizonte, os primeiros a chegar foram uma clínica geral portuguesa de 64 anos e seu marido, um médico carioca que também se formou na Universidade de Coimbra e que viu no programa uma chance de retornar ao Brasil, aos 66 anos de idade. Sua mulher, que se aposentara, vai retomar, aos 64 anos, a atividade médica em Sabará, na Região Metropolitana. Juntamente com o casal, chegaram dois médicos mineiros que se formaram na Espanha e trabalhavam em Portugal. Um deles, de Salinas, vai atender em Rio Pardo de Minas, no Norte de Minas. O outro, nascido em Abadia dos Dourados, foi contratado para clinicar em Belo Horizonte.
A população brasileira, muito carente de médicos em seus municípios, só tem a ganhar com a vinda desses profissionais formados no exterior – portanto, sem que nosso governo tivesse gastado verbas públicas com sua formação. Sabemos o quanto devemos aos emigrantes que para aqui vieram, a maioria deles sem uma formação especializada como a desses médicos. Outros países, como os Estados Unidos, são o que são por causa da boa receptividade que souberam dar aos emigrantes ao longo do tempo.
Ao explicar porque escolheu Minas, o médico carioca formado em Portugal, Artur Cardoso da Silva, disse que consultou amigos brasileiros e foi informado de que somos um “local de pessoas cultas e pacíficas”. Esse médico demonstrou conhecer os desafios que ele e sua mulher terão que enfrentar em Sabará, “mas as expectativas também são grandes”.
Para o bem da população mineira que se viu frustrada pelo pouco interesse revelado por médicos brasileiros para virem trabalhar em nossas regiões mais carentes, será muito bom que tais expectativas não se frustrem mais uma vez. Serão bem vindos, pois certamente vão ajudar a melhorar a saúde de nossa população, os 71 médicos brasileiros e 16 estrangeiros contratados pelo programa Mais Médicos para trabalhar em Minas. Se mais interessados houver, inclusive cubanos, serão recebidos com a hospitalidade mineira.