Mercado 87 anos

Publicado em 11/09/2016 às 06:00.Atualizado em 15/11/2021 às 20:46.

Olá amigo da cozinha,

No último 7 de setembro, o nosso maior e mais significativo parque temático completou 87 anos de vida e efervescência. Ou poderíamos chamá-lo de parquinho de diversões de cozinheiros, quintal dos quintais ou o grande teatro gastronômico de Minas, onde se apresentam nossos artistas anônimos indo e vindo levar e buscar ingredientes para suas peças ou obras de arte culinária?

O Mercado Central de BH faz parte da história de cada um de nós que amamos a gastronomia e não deixamos de fazer pelo menos uma visitinha semanal, mesmo que simplesmente para apreciar seus aromas, cores, sabores, e vivenciar sua aura de alegria permanente.

Minha história na cozinha se confunde com os quintais de minha família e um deles certamente é o Mercado Central. Desde criança, acompanhado de meu saudoso pai nas compras, essa paixão entrou na minha vida. Ajudando a carregar as sacolas, o prêmio vinha na maciez da geleia de mocotó ou naquela geleiazinha branca com gelatinas coloridas cujo sabor inesquecível e beleza me fazem emocionar enquanto escrevo e viajo no tempo.

Os anos vão se passando e as emoções se acumulando, como histórias e encontros com amigos nos bares, o inesquecível torresmo no balcão do antigo Careca, bebendo uma geladíssima trocando ideias com desconhecidos íntimos que se acotovelavam gentilmente naquele cantinho apertado.
As amizades de cozinheiro e o respeito aos profissionais foram se formando e se perpetuando por mais de 40 anos. Seu João, os filhos e os sempre gentis funcionários do Rei da Feijoada, o Tião e suas mandiocas amarelinhas, escolhidas especialmente para cada cliente. A Rose e a Rosilane das verduras, ervas e legumes sempre lindos e frescos, cuja família todo o tempo se reveza no sorriso, competência e carinho com as hortaliças, e especialmente com os clientes.

As comidinhas da Hannah e seus quibes com a coalhada maravilhosa, os pasteis do Luciano que já não está lá, mas a memória não apaga o sabor quente e crocante. O PF do Prato Cheio e de outros bares que, apesar de segredos individuais em cada cozinha, preservam o tempero comum da simplicidade e do sabor único do mercado.

Tem o artesanato sempre cheio de novidades e mineirices que é levado para o mundo como lembrança de nossa terra. Tem as lanchonetes, as empadinhas, e tem os relógios do Silvano, que desde minha infância tem um encantamento especial. Tem os exóticos da banca do Tio, e tantas outras coisas que se acumulam em minha memória afetiva deste centro de alegrias.

Tem as queijarias das mais antigas, com sua variedade de sabores e procedências de nosso maior ícone gastronômico, seja da Canastra, do Serro, do Norte ou do Sul, das cabacinhas aos requeijões escuros, das trancinhas às muçarelas temperadas. 

Hoje homenageio a todos cumprimentando o jovem mestre dos queijeiros do Mercado, o Guilherme do Roça Capital, que tem dado uma nova dimensão ao nosso ouro branco de Minas.

Esse é o nosso mercado de lembranças e histórias, de competência, profissionalismo, da gentileza e simpatia, de todos seus funcionários, do elevador, da segurança, os manobristas e atendentes do estacionamento. 

Uma história que completa 87 anos de pura autenticidade deste paraíso que é a síntese da nossa cultura e orgulho de todos os mineiros. 

Ao buscar nos alfarrábios da memória certamente encontraria muitas e muitas outras lembranças e personagens, mas deixo aqui, nessas breves mas verdadeiras, minhas homenagens a todos que fizeram e fazem parte desta linda história de nosso estado da gastronomia.

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