Mercado abre as portas para profissionais acima dos 40 anos

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
13/02/2014 às 07:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:59

(Eugênio Moraes)

Se chegar à casa dos 40 anos significa atingir a meia-idade, no campo profissional essa faixa etária tornou-se sinônimo de inteira experiência. Diante do pleno emprego e da escassez de mão de obra qualificada, é aos mais vividos que o mercado tem recorrido.

“Que a geração Y não nos escute, mas os jovens ainda são inexperientes. Com as novas necessidades, tudo se alongou. Antigamente, as pessoas morriam com 45 anos. Hoje, aos 30 ou 40, o profissional está no auge; 60 anos é idade para grandes presidentes e ministros”, afirma o sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC), network de assessorias tributárias e empresariais e de auditorias, Carlos Augusto Silva.

Segundo ele, com o avanço das tecnologias e com o Brasil cada vez mais integrado à economia global, a demanda atual é por profissionais que dominam línguas estrangeiras e acumulam anos de estudos. “Esses requisitos exigem um certo tempo de maturação e os mais velhos estão sendo mais valorizados por isso, principalmente em cargos de conselheiros”, diz.

Atualização

Para o diretor-presidente da RHUMO Consultoria e consultor organizacional Sérgio Campos, a idade não deve ser um fator de eliminação de candidatos.

“As empresas querem um profissional que crie identidade, que queira ter o sobrenome e o DNA da organização, que tenha disponibilidade, bom humor, ética e competência técnica. Isso independe da faixa etária”, afirma Campos.

De acordo com ele, essa cultura de que pessoas mais velhas não encontram lugar no mercado de trabalho só é válida para aquelas que pararam no tempo e não se atualizaram. Para quem se qualificou e buscou acompanhar as mudanças, as possibilidades são muitas.

“As empresas estão vendo nas pessoas mais velhas maturidade para aprender. É claro que existem jovens brilhantes e sérios, mas boa parte integra a geração ‘nem, nem’, que nem trabalha nem estuda, não luta para conquistar nada e quer tudo de graça”, diz o consultor.

A gerente de vendas do curso Pro Labore, Mônica Vieira, conseguiu retornar à ativa aos 42 anos, logo após concluir a faculdade de Direito. Segundo ela, o mercado de trabalho é, sim, preconceituoso em relação ao profissional que passa dos 40, mas o sentimento de incapacidade também contribui para tornar a busca por emprego mais difícil.

“Muita coisa vem da gente, quando nos sentimos velhos e incapazes. O que as instituições querem são pessoas com experiências, atualizadas”, afirma Mônica.

Aposentados estão voltando à ativa

Estudos coordenados pela PricewaterhouseCoopers (PwC) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas mostraram que, em 2040, 57% da força de trabalho no Brasil será composta por profissionais acima de 45 anos.

“Os profissionais mais velhos são cada vez mais comuns nas organizações, que estão contratando inclusive aposentados”, afirma o o sócio da PwC, Carlos Augusto Silva.

Segundo o advogado especialista em direito trabalhista Frederico Damato, nesses casos o tratamento legal dado aos empregados que já têm uma aposentadoria é praticamente o mesmo dos demais, com exceção do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que pode ser sacado mensalmente.

“O aposentado que volta a trabalhar tem a carteira de trabalho assinado de novo, normalmente”, diz Damato.

De acordo com o coordenador do Departamento de Direito Previdenciário da Ivan Mercêdo Moreira Sociedade de Advogados, Jeronymo Machado, o INSS estima que haja cerca de 460 mil aposentados de volta à ativa. Mas, para ele, esse número é bem maior.

“Acredito que esteja perto de um milhão, principalmente, na faixa etária de 50 a 60 anos, que representam 70% dos casos de desaponsentação”, afirma, referindo-se ao processo de renúncia da aposentadoria, permitindo que o trabalhador abra mão do benefício ao ter a carteira assinada novamente, para, depois, receber um valor superior. 

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