SÃO PAULO - Com votação recorde de 97,94%, a chanceler Angela Merkel foi reeleita nesta terça-feira (4) líder do partido conservador União Democrata-Cristã (CDU), lançando sua campanha à reeleição. "Os que me conhecem sabem que fico emocionada com isso", disse Merkel a delegados durante o congresso do partido, em Hannover, após o resultado ser divulgado. "Quero agradecer pela confiança." Merkel preside o CDU há 12 anos e, em sua última eleição no partido, em 2010, obteve o apoio de 90,4% dos delegados.

Com índices de aprovação nacional próximos dos 70%, a chanceler, 58, adotou um tom triunfante em seu discurso, repetindo que o governo dela é o "mais bem-sucedido" desde a reunificação alemã, em 1990. "São tempos turbulentos e às vezes nos vemos em águas tempestuosas. Mas é o CDU alemão que tem a direção clara para conduzir nosso país através desses mares", disse Merkel. Os delegados se levantaram e aplaudiram Merkel por oito minutos.

Na Alemanha, ela é amplamente aplaudida por ter mantido seus princípios, por exemplo, resistindo à pressão de medidas radicais anticrise como a emissão de bônus da zona euro. Merkel é uma física da Alemanha Oriental que se tornou uma figura de destaque num partido tradicionalmente alemão ocidental. Muitas vezes criticada no exterior, mas festejada em casa por defender os interesses de seu país na crise da zona do euro, Merkel tem boa chance de ganhar um terceiro mandato em setembro próximo, apesar de uma queda forte no apoio ao seu parceiro atual de coalizão, o partido Democrático-Liberal (FDP).

"Talvez Deus tenha criado o FDP só para nos testar", disse ela em uma rara crítica pública ao partido que as pesquisas mostram que pode não conseguir os 5% de que precisa no ano que vem para continuar na Câmara Baixa do Parlamento. Isso pode forçá-la a considerar outras opções, como reviver a "grande coalizão" com o Partido Social Democrata (SPD) com a qual ela concorreu entre 2005 e 2009, ou tentar uma aliança sem precedentes com o Partido Verde.

Sob o comando do líder regional David McAllister, o CDU está no caminho certo para ganhar a maior parte dos votos, mas ainda pode ser tirado do poder pelo SPD e pelos verdes. Isso pode prejudicar a reeleição, uma vez que seu partido perdeu o controle de alguns Estados desde 2009.

Neste congresso, a CDU está mais focada em conter disputas internas sobre questões domésticas. Desde que chegou ao poder, em 2005, Merkel puxou o partido de mentalidade conservadora e cristão para um viés de centro e tentou modernizá-lo.

No domingo, nesta mesma cidade, o outro congresso, em formato reduzido, será realizado, do SPD, que tem o objetivo de confirmar Peer Steinbrück como candidato à Chancelaria. Steinbrück, que foi ministro das Finanças na primeira legislatura de Merkel em grande coalizão, é o único aspirante do SPD para lutar pela Chancelaria e o principal rival da atual chefe do governo.

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