‘Meu retorno a Minas é uma sequência natural’, diz Salej

Hoje em Dia
21/09/2014 às 08:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:17

(Marcelo Prates/Hoje em Dia)

O exílio voluntário do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Stefan Bogdan Salej, está próximo do fim. No início do próximo ano, se tudo correr dentro do previsto, ele estará embarcando de volta a Minas. Segunda-feira, o Hoje em Dia publicará a íntegra da entrevista com o empresário na Página 2 Entrevista.   Atual colunista de política internacional do Hoje em Dia, Salej é lembrado, na Fiemg, como um de seus presidentes mais dinâmicos e personalísticos, responsável por tirar a entidade da modorra política e de imprimir-lhe uma gestão moderna e profissionalizada.    Foi também o primeiro presidente de federações de indústrias do país a se rebelar contra a alternância de poder entre São Paulo e estados nordestinos na presidência da Confederação Nacional das Indústrias. Não levou o cargo, mas expôs o absurdo da situação e abriu o caminho para o atual presidente da CNI, o mineiro Robson Andrade.   Depois de exercer funções diplomáticas para o governo da Eslovênia – inclusive quando o país da ex-Iugoslávia ocupou a Presidência do Conselho Europeu, o mais alto órgão político da União Europeia –, e de uma longa temporada na África do Sul, onde dedicou-se à carreira acadêmica como cientista social, Salej diz estar voltando para o lugar de onde, de fato, nunca saiu. “Não cortei relações, nem deixei de acompanhar o que acontece em Minas. Na verdade, minha volta é uma sequência natural”, afirma.   Salej é esloveno, mas veio jovem para o Brasil, como refugiado do comunismo iugoslavo. Em Minas, fundou a Tecnowatt, indústria de equipamentos elétricos, fornecedora da Cemig. Além da presidência da Fiemg, arriscou uma candidatura a deputado federal. Obteve pouco mais de 20 mil votos, mas que não foram suficientes para elegê-lo. Hoje, diz estar mais interessado em aprofundar sua vocação de pesquisador do que nas políticas partidária ou empresarial.   “Quero entender porque não somos melhores. Existe o choro contra o governo e as mazelas do sistema econômico, mas o problema principal é a falta de competitividade no chão de fábrica”, diz.   Salej já não exerce cargo executivo empresarial, apesar de gerenciar uma carteira própria de participações minoritárias. Sua primeira ocupação pós-retorno, diz, será um curso de doutorado na área de desenvolvimento econômico e políticas públicas, no qual terá orientação do cientista político e professor da UFMG, Otávio Dulci, referência intelectual da esquerda mineira e seu contemporâneo de faculdade.   Essa capacidade de transitar entre a esquerda intelectual e o empresariado mineiro, majoritariamente conservador, é outra marca de Salej. Mas em seu discurso, ao invés da tese do ‘estado mínimo’, moda ressurgida entre empresários, ele cobra coerência e eficiência das políticas públicas. “Num país em formação como o Brasil, não se pode prescindir do governo”, afirma.

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