MGI lança debêntures para captar R$ 900 milhões

Bruno Porto - Hoje em Dia
Publicado em 05/09/2015 às 07:53.Atualizado em 17/11/2021 às 01:39.
A MGI Participações, empresa controlada pelo Estado de Minas Gerais, se prepara para captar no mercado R$ 900 milhões por meio de emissão de debêntures para bancar investimentos do governo estadual previstos no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). O plano tem uma carteira de investimentos composta em 2015 por 28 programas que exigirão recursos da ordem de R$ 17,43 bilhões. A companhia publicou nessa sexta-feira (4) no Diário Oficial a aprovação, em Assembleia Geral de Acionistas, dos critérios para a captação no mercado financeiro.
 
Essa será a 5ª emissão de debêntures da MGI, e R$ 650 milhões serão usados para liquidar as debêntures da 4º emissão, sendo o restante (R$ 250 milhões) um acréscimo à captação anterior. O aumento no valor da captação original promoverá, de acordo com informações prestadas pela MGI à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), uma redução de 12,62% no spread e um aumento de três anos no prazo de carência para amortização. Procurada, a MGI não comentou o assunto.
 
Para o professor de Finanças da faculdade Ibmec Ricardo Couto, o governo está endividando as estatais para ganhar fôlego em seu caixa próprio. “É um fomento indireto de caixa para o governo. Traz dúvidas esse grande número de emissões de debêntures em tão curto espaço de tempo e em um cenário onde se endividar é perigoso. Isso não ocorre apenas em estatais estaduais. A Caixa, por exemplo, quer abrir capital de sua área de seguros”, afirmou o professor, citando outra forma de captação no mercado.
 
No segundo trimestre deste ano o lucro líquido da MGI foi 87,4% inferior ao do mesmo intervalo do ano passado. Um dos fatores que mais contribuíram para o resultado mais magro foi o pagamento de juros devidos por emissões de debêntures anteriores à que está em preparação.
 
Prejuízo
 
“Os principais fatores que provocaram o prejuízo operacional neste período foram o expressivo aumento do custo com juros sobre debêntures e a expressiva redução das receitas provenientes de participações acionárias”, diz o demonstrativo financeiro da empresa. Os custos com tais juros somaram R$ 98,1 milhões e representaram 95% das despesas operacionais totais.
 
Conforme publicou o Hoje em Dia na edição da sexta-feira (4), Copasa e Gasmig também recorrem às emissões de debêntures para ganhar fôlego. No caso da Copasa, a companhia inclusive alterou seu estatuto para permitir um endividamento maior, aumento da relação dívida líquida/Ebitda (geração de caixa) de três para quatro vezes. Atualmente, a dívida da empresa é 3,3 vezes sua geração de caixa. As debêntures da Copasa, que já tiveram distribuição concluída, permitiram captação de R$ 350 milhões. Serão R$ 140 milhões para pagamento de promissórias e o restante destinado a um programa de reestrutura-ção operacional, que inclui um Plano de Desligamento Voluntário (PDV) não detalhado.
 
No caso da Gasmig, estatal da área de distribuição de gás, a emissão de debêntures já foi aprovada e a intenção é captar R$ 100 milhões no mercado financeiro.
 
Os problemas financeiros do governo estadual o levaram a apresentar perspectiva de déficit de R$ 10 bilhões nas contas de 2015. Nesta conjuntura, é preciso buscar formas de garantir recursos para o atendimento de demandas como reajustes salariais de servidores, novas contratações e obras previstas. Há déficit de pelo menos 5 mil agentes na Polícia Civil, pelos cálculos do movimento SOS Polícia Civil.
 
Ponto a ponto
 
Minas Gerais Participações S.A. (MGI)
Lucro líquido (2ºtrimestre de 2015): R$ 26,7 milhões
Ativo total: R$ 2,1 bilhões
Composição societária: Estado de Minas Gerais (99,9%), BDMG e Cemig
Presidente: Mário Assad Júnior
Fundação: 19 de agosto de 1976
 
350 milhões de reais foi a captação concluída recentemente pela copasa, estatal da área de saneamento
 
100 milhões de reais é o montante que a gasmig, estatal de distribuição de gás, pretende captar também com emissão de debêntures
 
A MGI tem participação em empresas estatais, como Cemig e Copasa, e Gerdau, da iniciativa privada
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