Milhares ignoram luto na Argentina para protestar

Ariel Palacios, correspondente
09/08/2013 às 07:48.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:49

Milhares de pessoas marcharam ontem na noite desta quinta-feira, 8, pelas ruas das principais cidades da Argentina para protestar contra a presidente Cristina Kirchner. A dois dias das eleições primárias obrigatórias dos partidos políticos neste domingo, os participantes do panelaço ignoraram o luto nacional decretado pelo governo e a decisão dos líderes da oposição de suspender os comícios de encerramento por causa da "Tragédia de Rosário". Essa foi a denominação da explosão de gás que arrasou um edifício de nove andares nessa cidade no interior do país, que matou onze pessoas e feriu 60 na terça-feira. Outras dez pessoas ainda estavam desaparecidas ontem.

O portão de entrada da residência presidencial de Olivos foi o cenário de um dos panelaços. De forma simultânea, milhares de manifestantes marcharam até o Obelisco e a Praça de Mayo, no centro portenho. Os participantes do panelaço pediram o combate à inflação, o julgamento dos integrantes do governo que protagonizaram casos de corrupção e o combate à criminalidade.

Vinte e oito milhões de eleitores deverão ir às urnas neste domingo para votar, de forma obrigatória, nas convenções partidárias simultâneas. Diversos partidos possuem uma única lista de candidatos, fato que torna estas eleições em uma virtual mega-pesquisa de opinião pública para as eleições parlamentares de outubro. Nessa nova ocasião os argentinos votarão para definir a renovação parcial da Câmara de Deputados e do Senado.

O panelaço de da noite desta quinta-feira, denominado "8-A" (8 de agosto), previsto há semanas, não foi desmarcado apesar da tragédia de Rosário. À tarde existiam dúvidas sobre a magnitude desse protesto, já que a oposição afirmou que não participaria por uma "questão de luto". No entanto, os organizadores - que nas últimas semanas convocaram a população por intermédio das redes sociais - insistiram ao longo do dia na realização do protesto, alegando que as famílias dos mortos em Rosario estavam pedindo que a manifestação não fosse cancelada.

Os slogans da preparação da manifestação eram "todos à rua", "a República precisa de nós" e "façamos bagunça". Este último lema foi a convocação que o papa Francisco fez há poucas semanas durante sua visita ao Rio de Janeiro, quando estimulou os jovens a manifestar-se nas ruas.
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