Milhares protestam em Portugal contra austeridade econômica

AFP
15/09/2012 às 18:32.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:19

(Patrícia de Melo Moreira/AFP)

LISBOA - Milhares de pessoas protestaram neste sábado (15), em diversas cidades de Portugal, contra as medidas de austeridade econômica adotadas pelo governo de centro direita. "Parem o terrorismo social", "Os que roubam Portugal devem ser julgados", "Logo o Estado roubará os mortos", diziam cartazes exibidos pelos manifestantes em Lisboa.

"Que a troica vá ao diabo", foi a principal frase dos manifestantes para expressar sua rejeição às medidas de rigor impostas a Portugal por União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) em troca de uma ajuda de 78 bilhões de euros acertada em maio de 2011.

Além de Lisboa, os protestos ocuparam as ruas de outras 30 cidades de Portugal, convocados via Facebook por universitários, artistas, poetas e músicos.

Segundo os organizadores da manifestação, mais de 50 mil pessoas protestaram em Lisboa, e outras 50 mil na cidade do Porto.

Na capital portuguesa, manifestantes enfrentaram a polícia de choque diante do Parlamento, mas o incidente não deixou vítimas.

A mobilização teve um caráter apartidário, mas recebeu o apoio de partidos de extrema esquerda e do principal sindicato português, o CGTP.

O descontentamento aumentou em Portugal após a decisão do governo de aumentar impostos em 2012 e de passar de 11% para 18% em 2013 a contribuição dos trabalhadores para a previdência social.

Desde que Portugal obteve a ajuda externa, o governo reduziu salários dos funcionários públicos e elevou os impostos, o que deixou o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho sob fogo pesado da oposição, de ex-aliados políticos e até dos empresários.

A austeridade, principal eixo da política econômica do governo, provocou uma contração de 3,3% do PIB no segundo trimestre, em meio a um desemprego superior a 15% da população ativa.

O governo português já admite que não poderá cumprir este ano a meta de reduzir o déficit público a 4,5% do PIB, o que levou a "troica" a conceder um prazo adicional para a redução do déficit.

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