Minas na linha de frente da internet 5G

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
29/05/2016 às 09:18.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:39
 (Arte HD)

(Arte HD)

O Brasil está participando do desenvolvimento da tecnologia que promete revolucionar as telecomunicações. E Minas Gerais está à frente nessa empreitada. O Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) faz parte de grupos de estudos na Europa para a padronização e desenvolvimento da quinta geração da internet. Prevista para estar disponível comercialmente a partir de 2020, o 5G representará um incremento exponencial na velocidade de downloads, permitindo a interação das coisas. E mais: no Brasil, a tecnologia fará com que áreas remotas, onde a internet não chega ou carrega sinal fraco, sejam cobertas decentemente. Trata-se de uma revolução na indústria do campo. 

“Nas mudanças passadas, como no caso da implantação do 4G, o Brasil recebeu a tecnologia pronta e a adaptou às necessidades locais. Agora não. O país está mostrando ao mundo como podemos utilizar melhor o 5G e a quinta geração será desenvolvida levando em consideração estes requisitos”, comenta o professor Luciano Leonel Mendes, que coordena pesquisas de 5G no Inatel e também comanda um grupo de parceria entre o instituto e a Universidade de Dresden, na Alemanha, um dos mais importantes centros tecnológicos do mundo. Juntas as instituições desenvolvem um modem que irá retransmitir a tecnologia 5G.

Mendes explica que no restante do mundo o principal objetivo é ampliar a velocidade da internet. No Japão, a empresa de hardware Huawey realizou testes da tecnologia e conseguiu atingir 3,6 GBs de velocidade. O teste foi realizado em campo, fora de laboratório. A intenção é chegar a 20GB. No Brasil, ampliar o alcance da internet é o principal objetivo das pesquisas. Os testes para este fim, segundo o professor, serão realizados em meados do ano que vem.

Mendes dá um exemplo de aplicação prática. Hoje, se um rebanho de gado no Sul do país for contaminado por determinada doença, toda a produção nacional fica comprometida. Os embargos de exportação são imediatos. Isso acontece porque não é possível rastrear o gado brasileiro de forma específica. Com internet 5G, será possível, por exemplo, colocar chips nos animais, numerá-los e medir a saúde à distância. 

“No campo, o produtor pode oferecer cursos para os funcionários, treinar a equipe, melhorar a logística, cadastrar os animais. É uma enorme mudança econômica, pois abriria o mercado bovino para todo o mundo, de uma forma nunca vista”, diz o professor do Inatel.

Técnica
Para que áreas remotas sejam cobertas com internet, Mendes afirma que será necessário utilizar frequên-cias mais altas. Desocupadas, as faixas acima de 20 Gigahertz (GHz) têm sido vistas com interesse pelos pesquisadores. “Mas temos uma série de desafios pela frente”, diz. 

As faixas são áreas no ar a serem leiloadas e ocupadas por frequência de rádio. Os telefones celulares utilizam frequência de 2,6 e 1,8 GHz, o wifi de 2,4 GHz e de 5,8 GHz, e a TV de 12 GHz. Ainda precisa haver definição sobre qual faixa será ocupada pela internet 5G e como será o leilão. 

Para disseminar o sinal, diversas antenas seriam instaladas ao longo do país em um sistema chamado MIMO (Multiple-input and multiple-output). Todo o sistema seria sem fio.

Velocidade abrirá caminho para a ‘internet das coisas’
A tecnologia 5G promete mudar radicalmente a forma como o homem se relaciona com os objetos. A previsão é a de que a quinta geração de internet viabilize a internet das coisas. Isso significa, por exemplo, que a geladeira que possuir tecnologia de interação será capaz de entrar em contato com o supermercado e informar que está faltando maçãs. Acredite, é o futuro.

“Mas os objetos têm que possuir a tecnologia necessária para fazer a conexão. O 5G apenas permite que as coisas se comuniquem pelo fato de ser uma internet mais veloz e mais robusta”, afirma o professor do Inatel, Luciano Leonel Mendes. 

Em termos de velocidade, trata-se de algo nunca visto. “Sairemos da megabyte society para a gigabyte society”, afirma o presidente da Teleco Consultoria, Eduardo Tude. Ele comenta que a tecnologia 5G também consome menos energia. 

“Veículos inteligentes utilizarão internet sem fio 5G para andar pelas cidades. E é fundamental que a tecnologia consumam pouca energia”, diz Tude. O especialista destaca que no Brasil os veículos operados remotamente, sem motorista, não devem se tornar realidade no curto prazo. 

Operadoras
Enquanto o 5G ainda não é realidade, as operadoras de telefonia celular realizam testes em solo nacional para se familiarizar com a tecnologia. A Claro é uma delas. De acordo com o diretor regional da tele em Minas Gerais, Erik Fernandes, a empresa investe pesado na tecnologia. 

Ele destaca que a Claro está empenhada no estudo da tecnologia e espera que a operadora seja a primeira a lançar o 5G. “Nós lançamos o 3G e o 4G primeiro. Queremos avançar com o 5G também”, afirma Fernandes.

Para alcançar os resultados, a empresa desenvolve testes piloto de 4,5G nas cidades de Anápolis e Rio Verde. A velocidade alcançou 300 MBs. “Mais importante do que a velocidade é ter capacidade de dar vazão a esta tecnologia. Por isso, a operadora investe em fibras e rede”, comenta o executivo.

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