Uma possível quebra da mineradora Samarco pelas despesas com recuperação ambiental e indenizações depois do rompimento da barragem da empresa no distrito de Bento Ribeiro, em Mariana, retiraria valor entre R$ 4,87 bilhões e R$ 9,74 bilhões da economia de Minas Gerais. O cálculo foi divulgado nesta quinta-feira, 3, pelo governador Fernando Pimentel (PT) e equivale ao montante entre 1% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas, de R$ 487 bilhões.
Pimentel afirmou ser ainda cedo para fazer projeções sobre o retorno ou não da empresa às atividades. A operação da Samarco em Minas foi suspensa pelo Estado depois do acidente, ocorrido em 5 de novembro. "É desejo de todos, até da comunidade de Mariana, apurada a responsabilidade (do acidente), que a empresa possa voltar a operar dentro de condições de segurança melhores do que as atuais", disse o governador.
Na segunda-feira, 30, durante reunião da comissão extraordinária da Assembleia criada para apurar as causas da tragédia, que já tem 11 mortes confirmadas, procuradores e promotores levantaram a possibilidade de, em caso de quebra da Samarco, de acionar a Vale e a BHP Billiton, donas da empresa, para pagamento de danos pelo rompimento da barragem.
Pimentel participou nesta quinta, 3, de reunião da força-tarefa montada pelo Estado para acompanhar os desdobramentos da tragédia em Mariana. Prefeitos de cidades da bacia do Rio Doce, atingida pela lama que vazou da barragem, também estiveram no encontro. O governador afirmou que as cidades concordaram em passar a integrar a ação de R$ 20 bilhões por ressarcimento contra a Samarco que têm hoje a União e os Estados de Minas e do Espírito Santo.
Financiamento
Para o governador, o ideal é que todas as ações, inclusive as que foram impetradas pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal, sejam reunidas na ação de R$ 20 bilhões. "Isso vai facilitar muito e dar velocidade ao processo."
Pimentel anunciou ainda linha de financiamento, pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para as cidades e empresas ao longo do Rio Doce. Ao todo serão R$ 45 milhões para o setor público (R$ 25 milhões) e privado (R$ 20 milhões), com taxa de juros de 1% ao mês e 24 meses para pagamento. Ao todo 35 municípios poderão ter acesso aos empréstimos.
Foi anunciada ainda carência de seis meses para financiamentos já realizados pelo BDMG para a região. Haverá pedido por parte do Estado ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para que autorize a instituição a liberar mais R$ 200 milhões para empréstimos pelos problemas ocasionados pela tragédia.
Segundo o prefeito de Belo Oriente, leste de Minas, onde funciona unidade da fabricante de celulose Cenibra, a empresa deixou de operar por não poder captar água no Rio Doce. Por isso, em 12 dias o município perdeu cerca de R$ 250 mil.