( Maurício Vieira)
Com a explosão nos números de contaminados e de óbitos pela Covid-19, tanto a Prefeitura de Belo Horizonte quanto o governo estadual fizeram revisão de programas de retomada econômica, ontem.
Na capital, não houve avanço à fase 3 da flexibilização do comércio não essencial e importantes segmentos seguirão fechados, sem perspectiva de reabertura.
No Estado, autoridades chegaram a aventar a possibilidade de “lockdown” (fechamento completo) em cidades sob risco de estrangulamento dos sistemas de saúde, nos próximos dias.
Enquanto isso, muitos shoppings tradicionais acumulam 90 dias de portas abaixadas e incontáveis prejuízos. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), mais da metade desses estabelecimentos no Estado (25 dos 43 existentes, ou 58%) está inoperante, o que inclui unidades em cidades de porte médio e grandes centros, como a capital.
Já conforme a Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping), cerca de 15% das lojas dos empreendimentos em Minas foram fechadas desde o início da pandemia, o que equivale a 1.500 comércios e a um total de 10 mil demissões efetuadas. A solução dos que resistem tem sido renegociar contratos de aluguel e condomínio com os gestores dos estabelecimentos, além de tentar garantir parte das vendas por vias digitais. Mas nem eles nem os responsáveis pelos shoppings sabem até quando suportarão.
Segundo o gerente-geral do Shopping Vale do Aço, em Ipatinga, Rafael Martinez, mesmo compreendendo a gravidade da pandemia, lojistas e donos dos empreendimentos entendem que passou da hora de o poder público tratar de forma isonômica os diversos segmentos econômicos. Na cidade, por exemplo, enquanto o comércio de rua e feiras operam, o mall continua proibido.
“Muitas famílias dependem do shopping para sobreviver, somos uma das principais geradoras de emprego da cidade. Estamos há mais de 90 dias fechados e nenhuma empresa consegue se manter por tanto tempo assim, com receitas muito próximas a zero”, diz ele. “ Entendemos que a retomada tem que ser lenta, gradual, mas chamamos por direitos iguais. Não faz sentido o comércio de rua funcionar e nós não”, acrescenta.
Capital
Em BH, gestores do shopping MinasCasa, na região Nordeste e especializado em decoração, também sentem-se frustrados. “A gente está pronto para reabrir. A prefeitura teve um plano muito bom no fechamento, mas não apresentou estratégia adequada para a retomada. Eles escolheram alguns segmentos e simplesmente não escutaram outros”, diz Henrique Fagundes, coordenador de marketing do shopping, que tem 80 lojas e cerca de 200 colaboradores.