Quatro a cada dez brasileiros já foram vítimas de golpes, aponta relatório produzido pela Serasa Experian e divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Homens com mais de 50 anos da classe B são os principais alvos dos estelionatários. A pesquisa reforça o alerta contra os crimes, sobretudo nos meios virtuais.
Conforme os dados apresentados, 57% das vítimas tiveram perda financeira de R$ 2.288 em média, o que equivale a quase um mês e meio de trabalho de quem recebe salário-mínimo. Os golpes mais relatados por elas foram “cartão de crédito usado por terceiros ou falsificado”. Na sequência está o pagamento de boleto falso ou PIX.
Em alguns casos, os bandidos se passam por terceiros, clonando números de telefone ou invadindo redes sociais para fazer contato com familiares ou amigos da vítima. Foi o que ocorreu com o vendedor Marcelo Fernandes Flores, de 52 anos.
Golpistas enviaram uma mensagem fingindo ser o irmão dele, pedindo dinheiro emprestado para um pagamento a outra pessoa. Na tentativa de ajudar o parente, ele fez duas transferências, por meio do PIX, totalizando R$ 4,8 mil. Quando os criminosos fizeram o terceiro pedido, Marcelo desconfiou.
“Infelizmente caí no golpe. A partir daí, qualquer um que me procura eu retorno, deixo para ligar em outro momento. É uma precaução que tenho agora. Tudo que faço hoje, mesmo na correria, tento me certificar”.
Desconfie de promoções na internet
No ambiente on-line, as promoções podem ser tentadoras aos consumidores. Porém, é necessário ter cuidado, alerta o advogado Mozar Carvalho, sócio fundador do escritório Machado de Carvalho Advocacia.
“Sempre desconfie de promoções tentadoras que parecem excelentes, geralmente elas só parecem. Não são, então cuidado com isso porque é uma forma de burlar, de captar o número do seu número de cartão, seu número de CPF, seu número de identidade e suas informações, seus dados em geral para poder te trazer problemas depois com fraudes”.
Especialista em Direito do Consumidor, Renata Nicodemos, sócia do escritório Ernesto Borges Advogados, menciona outros cuidados, em especial, com relação aos pagamentos não apenas virtuais.
“Tenha um cuidado especial com caixas eletrônicos. Verifique se há algum dispositivo estranho acoplado ao caixa eletrônico antes de inserir o seu cartão. Prefira caixa eletrônico localizado dentro das agências bancárias. Ao realizar compras on-line, certifique-se de que o site é seguro. Utilize cartões virtuais, porque eles possuem um número temporário que expira após a transação, isso reduz o risco de fraude”.
Renata Nicodemos também acrescenta a necessidade de manter os dados de contato atualizados junto ao banco da pessoa. “Para que você possa receber as notificações e alertas de segurança”.
Outras dicas são usar senhas mais fortes e evitar abrir links ou arquivos em apps de mensagem. Caso seja vítima de fraude, o cidadão pode contestar as transações à instituição financeira e acionar a Justiça. No entanto, recuperar o prejuízo não é simples.
Golpe desencadeia raiva, tristeza, vergonha, desamparo e até culpa
Não bastasse o prejuízo financeiro, ao cair em algum golpe financeiro, a pessoa passa por diferentes estágios de emoções. No curto prazo, raiva, tristeza, vergonha, desamparo e até a culpa. No médio prazo vêm a ansiedade e o medo.
“Esse quadro coloca o brasileiro num estado de alerta e ansiedade que acabam consumindo sua energia mais do que deveria e precisaria. Dependendo do histórico de saúde do indivíduo e do impacto que o golpe teve na vida, pode haver um agravamento de fobias e transtornos”, alerta a neuropsicóloga Aline Gomes.
Com Bernardo Haddad e Agência Brasil 61.
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