75% dos cemitérios podem contaminar solo e água em Minas

Danilo Emerich - Do Hoje em Dia
06/11/2012 às 06:37.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:54

(RICARDO BASTOS)

De cada dez cemitérios municipais de Minas Gerais, pelo menos sete ignoram a legislação ambiental. Como resultado, contaminam o solo e os lençóis freáticos e, de quebra, servem de criadouros de animais e insetos vetores de doenças.

“O descaso coloca em risco a saúde pública e qualquer um que consuma a água impregnada de necrochorume, líquido tóxico minado pelo cadáver”, diz o geólogo e doutor em engenharia e meio ambiente Leziro Marques Silva.

Desde 1960, ele pesquisa as condições ambientais e sanitárias dos cemitérios do Brasil. O estudo avaliou, até o início deste ano, 1.107 unidades, sendo mais de 250 em Minas Gerais.

Apesar da média nacional de 75% de cemitérios irregulares ser mantida em Minas Gerais, os mineiros se encontram em situação regular quando comparados a outros Estados. A pesquisa classificou as regiões Norte e Nordeste como os pontos mais críticos. Na região Sul estão os cemitérios menos problemáticos.


Irregularidades

A situação em Minas Gerais é pior em pequenas cidades do interior.

Alheias à Resolução 335, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 2003, que exigiu a regularização da situação até 2010, muitos dos cemitérios estão em áreas de sumidouros e rios subterrâneos ou em terrenos inadequados, onde o lençol freático é raso. Outros localizam-se em área de várzea ou em morros.

Leziro explica que o necrochorume, ao escapar do túmulo, pode contaminar com metais pesados o lençol freático, poços e rios em quilômetros de distância.

“De forma geral, o cemitérios particulares seguem a legislação por visar lucro. Já nos públicos, o gerenciamento deixa a desejar. Operários sofrem acidentes, manipulam e exumam corpos sem equipamentos de proteção individual e pegam doenças”, diz Silva.


Segurança

O professor enfatiza que a solução é barata e simples. Entre as medidas recomendadas está o uso de substâncias capazes de neutralizar o chorume, por meio da impermeabilização do túmulo, a realização de diagnóstico hidrogeológico da área e a construção do cemitério em local que favoreça a decomposição do cadáver.

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