A cada dia, um acidente com ônibus é registrado em Minas

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
20/11/2017 às 07:47.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:47

(Divulgação/Bombeiros)

Imprudência dos motoristas, falta de manutenção e clandestinidade de veículos de fretamento e más condições das rodovias são uma mistura perigosa para quem anda de ônibus nas estradas federais que cortam Minas. Essas vias foram palco de 211 acidentes de coletivos que fizeram 1.216 vítimas no primeiro semestre deste ano. O número equivale a pelo menos uma ocorrência por dia. O saldo foi de 34 mortes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A estatística remete ao grave acidente ocorrido na semana passada com um ônibus clandestino, na BR-381, em Brumadinho, na Grande BH, que deixou sete mortos. 

Em todo o país, foram 1.575 ocorrências que levaram a 207 óbitos nos seis primeiros meses de 2017. Minas foi o Estado com maior número de casos. “Temos a maior malha rodoviária, que serve como caminho para diversas regiões do país. Como há mais veículos transitando, é esperado que ocorram mais acidentes”, frisa o inspetor Aristides Júnior, porta-voz da PRF mineira. 

Imprudência
Pressa e ultrapassagens indevidas estão no ranking de causadoras dos acidentes, afirma o especialista em transporte e trânsito Márcio Aguiar. “As rodovias estão cada vez mais movimentadas e os motoristas de ônibus têm horários para seguir. Com a pressão do relógio e o cansaço da viagem, eles cometem várias imprudências, e acabam batendo”. 

A PRF não especificou as principais formas de batidas envolvendo esses veículos. Mas, segundo Aguiar, dois tipos comuns são as colisões frontais e laterais, que estão relacionadas à perda de direção e ultrapassagens equivocadas, principalmente em estradas não duplicadas. Inclusive, pesquisa recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que 88,9% das rodovias mineiras têm pista simples de mão dupla. 

A negligência no volante, entretanto, não fica somente sob a responsabilidade dos motoristas de ônibus. Muitas vezes, carros menores são os causadores. “Como muitas estradas mineiras não têm o que chamamos de ‘terceira pista’, os ônibus não podem se manter à direita. Na subida, eles tendem a seguir em uma velocidade menor, e os motoristas mais apressadinhos nos veículos de passeio se arriscam para passá-los”, observa Márcio Aguiar. 

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte Lima, a situação piora devido a falta de manutenção adequada dos ônibus. “O coletivo é de uso intensivo. Então, são necessárias revisões constantes, o que nem sempre é levado a sério pelas empresas, principalmente pelas clandestinas”.

Outro lado
Assessora jurídica do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais (Sindpas), Zaira Carvalho Silveira afirma que os empreendimentos que atuam no transporte intermunicipal no Estado se preocupam com as condições dos veículos e treinamento dos motoristas, justamente para evitar acidentes. A Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Minas (Fettrominas) não se pronunciou sobre o assunto.

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