Abandonado, paciente vive há um ano no Hospital das Clínicas

Carlos Calaes - Do Hoje em Dia
08/09/2012 às 08:03.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:06

(André Brant)

Abandonado pelos parentes após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), um paciente vive há pouco mais de um ano no 8º andar do Hospital das Clínicas, na capital. Embora tenha ficado com sequelas, ele já poderia ser cuidado pelos familiares em casa. Pedro Luiz de Oliveira, o “Pedrão”, como é tratado por enfermeiras e médicos, não faz jus ao apelido. Ele está magro e convalescente. O lado direito do corpo ficou paralisado e ele tem dificuldade de se comunicar.   Com a fala arrastada, Pedrão revela que tem mulher e filho, dos quais não se lembra dos nomes nem tem notícias. “Tenho saudade, mas não existe ninguém pra cuidar de mim”, resume.    Aniversário solitário   No último dia 19 de julho, quando completou 55 anos, foram as enfermeiras e Tadeu, um estudante de 24 anos e seu companheiro de quarto, que fizeram uma pequena comemoração, com direito a balões nas paredes, salgadinhos e refrigerante. Mas ninguém da família ou amigos apareceram.   “Gosto do meu aniversário e do Natal, pois ganhei muitos presentes”, diz, mais animado. Durante todo o tempo da entrevista, Pedrão não deu um único sorriso. Ele é um paciente totalmente dependente para tomar banho e para as necessidades fisiológicas.    Pedrão deu entrada no HC no dia 21 de julho do ano passado, dois dias depois de seu aniversário, após sofrer o AVC. Como consequência, teve hemiplegia (paralisação total) do lado direito do corpo, inclusive do rosto. Após todo esse tempo, ele conseguiu recuperar a fala parcialmente.   O HC informou que o paciente está estável, mas necessita de cuidados, sem necessariamente estar internado.    Alta   A Promotoria de Saúde foi acionada para providenciar abrigamento e cuidados a Pedrão. Assim, será possível a alta hospitalar. A Secretaria Municipal de Saúde ainda não foi notificada.    O órgão informou que, se for oficializado, levará o caso para avaliação do setor de assistência social e, posteriormente, encaminhará Pedrão a uma unidade de acolhimento.   Histórico   Conforme o registro do HC, ele morava na rua São Tomás de Aquino, no Morro do Papagaio. O Hoje em Dia foi ao local, onde funciona um depósito de gás. Lá, o comerciante Roney da Silva, de 31 anos, esclareceu um pouco do mistério.   Segundo ele, Pedro Oliveira alugou um quarto por seis meses. Mas veio o AVC. Roney o socorreu e guardou os pertences do inquilino, como o fogão, geladeira e documentos.    Leia mais na edição eletrônica do Hoje em Dia

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