Ação foca na proteção a pedestres pelas ruas de BH

Gabriela Sales - Hoje em Dia
18/09/2014 às 07:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:14

(Frederico Haikal)

A perigosa combinação de desrespeito às leis de trânsito e desatenção por parte de quem caminha pelas vias do país resulta em uma estatística alarmante: dois terços das vítimas de acidentes envolvendo carros, motos e ônibus no Brasil são pedestres, de acordo com o Mapa da Violência divulgado ano passado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registra um índice de 18.9 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Somente na capital mineira, a média é de sete atropelamentos por dia, conforme a BHTrans.

O alerta, bem como a difusão de ações para reverter o quadro são os motes da campanha que o Ministério das Cidades lança nesta quinta-feira (18) em parceria com o Ministério da Justiça e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República. A proposta é conscientizar a população sobre a necessidade de respeitar o pedestre. A ação integra a Semana Nacional de Trânsito, aberta nesta quinta.

Também indicadores de incivilidade no trânsito, as multas por avanço de sinal e desrespeito à faixa de pedestre diminuíram na capital mineira neste ano. Mesmo assim, todos os dias pelo menos 180 motoristas insistem em “furar” o semáforo, ameaçando a própria vida e a de terceiros. Outros 14 ignoram solenemente o espaço reservado para quem está a pé e param ou estacionam sobre a faixa destinada ao pedestre.

O arquiteto e urbanista Jacques Lazzarotto, professor na Universidade Fumec, aposta em campanhas educativas para reduzir, ou zerar, os índices, e incentivar boas práticas no trânsito.

“Condutores de veículos e pedestres são mal educados. O primeiro porque enxerga o outro como uma classe inferior, já o pedestre por esquecer de suas obrigações e, muitas vezes, passar por cima do que preconiza o Código Brasileiro de Trânsito”, diz.

Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram aplicadas 32.302 multas a condutores de veículos de BH que desobedeceram a lei e avançaram o sinal vermelho. Em 2013, foram 186.810 punições, além de 2.666 multas por parar ou estacionar o veículo sobre a faixa de pedestres.

Falta de educação gera danos à mobilidade

Mais do que a ausência de infraestrutura adequada para garantir fluidez nas vias, a falta de educação no trânsito provoca mais estragos quando o assunto é mobilidade urbana.

“O pensamento individual deve ser mudado quando nos referimos à mobilidade. É preciso pensar no todo, no bem comum. Isso é o que falta para que todo o contexto melhore”, pondera o presidente da comissão de Mobilidade Urbana da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (OAB-MG), Geraldo Spagno, referindo-se à necessidade de o pensamento coletivo sobressair ao interesse individual.

Para o especialista em transporte urbano e administração da BHTrans, Marcelo Cintra, a falta de educação é uma questão pedagógica, requer campanhas de incentivo ao cumprimento das leis e também ao uso do transporte coletivo.

“O plano de mobilidade vem para estimular as pessoas a optarem pelo transporte público e suas possibilidades. O andar a pé, de metrô ou de bicicleta são alternativas que precisam ser estimuladas para que as mudanças no trânsito aconteçam de maneira efetiva. Isso é um benefício para a população e para a cidade”.

Cintra afirma que pensar em novas formas de locomoção “garante que o uso do espaço público não entre em colapso”.

Soluções de mobilidade urbana foram debatidas nessa quarta-feira (17) durante um seminário realizado na sede da OAB.
 

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