(PRF/Divulgação)
A interdição parcial da BR-040, desde a última terça-feira, após o tombamento de uma carreta carregada com óleos lubrificantes, na Zona da Mata, evidencia um problema comum nas estradas. Diariamente, pelo menos dois veículos de carga se envolvem em acidentes, prejudicando o tráfego nos trechos privatizados das rodovias federais 040, 050 e 381. Neste ano, foram 429 registros.
Só essas ocorrências foram responsáveis por deixar as pistas totalmente ou parcialmente fechadas por mais de 688 horas, o equivalente a um mês. Apenas no caso do caminhão que virou na BR-040, em Oliveira Fortes, a circulação de automóveis foi comprometida por 48 horas. Até o início da noite de ontem, um trecho ainda estava interditado para a limpeza da área.
Vários motivos podem justificar o elevado índice de acidentes, segundo o consultor de transporte e trânsito Osias Batista Neto. Dentre eles, cansaço dos caminhoneiros, uso de drogas por uma parte deles e tempo curto para as entregas. Más condições e traçado irregular das estradas também são considerados.
Porta-voz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o inspetor Aristides Júnior explica que as ocorrências tendem a ser graves e com a liberação da pista mais demorada. Nos casos em que o veículo leva carga perigosa, o problema é maior. “Como cabe à transportadora fazer a limpeza da pista, é preciso contato com a direção da empresa para que ela tome providências”.
Impactos
Congestionamentos costumam se formar a cada trecho fechado, provocando transtornos não só para quem está parado, mas em todo o Estado. “Produtores passam por essas estradas para levar as mercadorias às centrais de abastecimento. Se eles ficam presos no caminho, o dano é enorme”, diz o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez.
Parte do prejuízo se dá pelo risco de produtos perecíveis estragarem. Mesmo quando não chega a esse extremo, há atraso no abastecimento de várias regiões, como a Grande BH.
No bolso
Além disso, existe o aumento do custo logístico. Segundo o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), Luciano Medrado, cada hora que um caminhão fica parado na estrada gera uma perda de R$ 500. Valor que é repassado para o frete e, depois, para quem compra a mercadoria, como lembra o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe. “Todo custo extra tira a competitividade dos nossos produtos”.
Segundo a MGO Rodovias, concessionária da BR-050, a maior parte dos acidentes é por imprudência dos motoristas ou excesso de cargas. A empresa diz que não há problema quanto às condições da via, que é duplicada e passa por revitalização.
A Fernão Dias, responsável pela BR-381, informou que faz reforço na sinalização, implantação de iluminação LED e campanhas educativas. Já a Via 040 afirmou que realiza trabalhos de conservação, sinalização e manutenção do pavimento, além de disponibilizar serviços, com inspeção 24 horas e socorro médico e mecânico. “Todo esse escopo contribui para uma rodovia mais segura para os usuários”, diz nota enviada.