Água da chuva invade casas do bairro Milionários e deixa vários desalojados

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/01/2020 às 17:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:28

(Paulo Henrique Silva)

Quando o muro do outro lado da rua desabou e a água começou a invadir as residências da rua Fernandes de Moura, no bairro Milionários, Roseli de Oliveira enfrentou a forte chuva que arrasou a capital mineira na terça-feira (28) e bateu no portão de todos os vizinhos. Ela pedia para que a ajudassem a socorrer o cadeirante Geraldo Barbosa Andrade, que achava que iria morrer naquela noite.

"Precisamos fazer dois buracos no lado de fora da casa dele para a água poder sair. Passamos por uma noite de terror", registrou Roseli, poucas horas depois do temporal. Os estragos ainda estavam à vista, com os moradores limpando as casas e vendo o que poderiam "salvar". O carro de propriedade de Geraldo, usado para levá-lo ao médico, já não estava mais lá - o muro caiu justamente sobre o veículo, danificando a sua frente.

"O que vou fazer sem o carro? Quem vai pagar pelo prejuízo?", indagou o cadeirante ao repórter do Hoje em Dia, deitado numa cama especial no valor de R$ 17 mil. Ele precisou colocar nove peças de platina na coluna há dez anos, após uma tuberculose atingir a medula óssea. Mora no andar de baixo da casa de Roseli, uma das mais indignadas com os acontecimentos, definidos por ela como tragédia anunciada.

"Sou vítima deste terreno, que antigamente era uma horta. Hoje em dia é um bota-fora, um lixão da SLU que está num terreno cedido pela escola. Com o temporal, a (força da) água derrubou o muro e trouxe todo o lixo para as nossas casas. Já tínhamos alertado a Prefeitura (sobre os perigos) desse muro", lamentou Roseli, que participou na tarde desta quarta-feira de uma manifestação, fechando uma rua adjacente ao trânsito.

 Paulo Henrique Silva

Lucimar de Sousa aponta a altura que água chegou após invadir a sua casa no Barreiro

A manicure Lucimar de Sousa perdeu praticamente tudo que tinha em casa. "Quando cheguei , a água estava batendo acima do meu joelho. Virou um mar de lama. Agora é ver o que dá para aproveitar", afirmou a moradora, que nunca tinha visto, em 20 anos na região, a água da chuva chegar com tanta intensidade. O consolo de Lucimar é que não precisará sair de sua residência.

A mesma segurança não tem Gabriela Bastos: a casa dela está com trincos e rachaduras em quase todos os cômodos. Na noite de terça, o Corpo de Bombeiros aconselhou-a a sair. Ao lado do filho Breno, ela foi para a casa da irmã, no mesmo bairro, mas retornou hoje à espera da Defesa Civil. "Já liguei várias vezes para eles. Preciso ter uma posição sobre isso (a casa desabar)", diz. Outras três residências na rua estão na mesma situação.

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