Além de não funcionar direito, painéis podem ser desligados por causa de dívida

Iêva Tatiana e Gabriela Sales - Hoje em Dia
Publicado em 16/07/2015 às 06:26.Atualizado em 17/11/2021 às 00:55.
 (Ricardo Bastos)
(Ricardo Bastos)

A Tacom, responsável pela gestão de sistemas de tecnologia no transporte público, negocia junto aos consórcios de ônibus uma forma de receber pelos serviços prestados. A empresa não informou qual o valor, mas adiantou que, não havendo acordo, poderá suspender a gestão e manutenção da bilhetagem eletrônica e dos painéis eletrônicos de quadro de horários, dentre outras atividades.

Os consórcios alegam crise financeira e incapacidade de honrar com vários compromissos. “Nesse momento, a situação está sendo avaliada junto ao cliente. Se houve houver, de fato, a suspensão do pagamento, existe a possibilidade de paralisação de alguns serviços”, informou nesta quarta-feira (15) a assessoria de imprensa da Tacom.

A empresa é responsável pelo Sistema Inteligente de Transporte Coletivo (Sitbus), do qual fazem parte os painéis informativos instalados em estações do Move e em pontos de ônibus.

Desconfiança

Pelo menos nesse quesito, a suspensão do serviço não faria muita diferença para o passageiro. Sete anos após o início da implantação dos equipamentos, a tecnologia não emplacou. Com informações desencontradas e, às vezes, inexistentes, os painéis mais confundem que ajudam.

A reportagem do Hoje em Dia verificou o funcionamento de cinco dispositivos na área hospitalar e, em todos, foram constatadas deficiências. Em um dos pontos, por exemplo, a previsão era a de que o coletivo da linha 3050 se aproximasse em dez minutos, mas o tempo estimado manteve-se inalterado por cinco minutos.

No mesmo local, outro flagrante: o ônibus da linha 9206 já fazia o embarque e desembarque de passageiros enquanto o painel acusava que ele só chegaria em 14 minutos. Em outro ponto, a informação “aproximando” foi exibida para a linha 82 depois que o coletivo arrancou.

“A gente acaba olhando o painel, mas a informação não coincide. Quase perdi o ônibus uma vez. Apareceu que faltavam 15 minutos e eu me distraí. Quando assustei, ele já estava vindo”, conta a estudante Nathália Ribeiro Amorim, de 32 anos, ressaltando que também acontece de algumas linhas nem aparecerem na tela.

Ajustes

A secretária Bruna Cavalcante, de 23 anos, engrossa a lista de queixas. Ela ainda não encontrou nenhum equipamento que funcione corretamente. “Acho que sou azarada. A ideia é ótima, mas, do jeito que está, em vez de ajudar nos prejudica”.

A BHTrans garante que os equipamentos estão em “constante acompanhamento” e que as falhas são naturais, por tratar-se de um software interligado ao GPS instalado nos veículos. “Eventualmente, esse cálculo do tempo de chegada das linhas nos pontos pode gerar problemas, mas as equipes responsáveis pelo sistema realizam ajustes”, informou a autarquia, em nota.

Efeito negativo

Para o professor de transporte e trânsito da Universidade Fumec, Márcio Aguiar, é preciso cuidado. “Se adoto um mecanismo que não funciona, o resultado é desconfiança e descrédito. Isso é muito grave”.

Segundo Aguiar, além dos efeitos negativos, as falhas do Sitbus prejudicam os passageiros, para os quais um minuto é crucial quando o assunto é transporte público.

Promessa é lançar aplicativo para smartphone neste mês

Outro recurso previsto pelo Sistema Inteligente de Transporte Coletivo (Sitbus) que ainda funciona timidamente é o aplicativo SIU Mobile BH, disponível para smartphones e tablets. Embora esteja em operação – na versão beta (de teste) – e acumule mais de 5 mil downloads, a ferramenta não foi lançada oficialmente.

Segundo a BHTrans, o anúncio do aplicativo deverá ser feito “em breve”, ainda em julho.

A proposta é a mesma dos painéis instalados nos pontos dos ônibus: informar o tempo que falta para o coletivo se aproximar, mas com a vantagem de o usuário poder buscar informações sobre uma linha específica, além de pesquisar itinerários e paradas próximas e linhas.

Expectativa

De acordo com a BHTrans, o lançamento oficial do SIU Mobile BH depende de atualização nas funções voltadas a portadores de deficiência.

Sobre o Sitbus, a autarquia informou que a implantação é uma das obrigações de contrato com o SetraBH. O sindicato limitou-se a afirmar, em nota, que “o custo total da aquisição de monitores, materiais elétricos e mão de obra para a retirada dos monitores danificados e a instalação de novos não foi totalizado.

45% dos 1.500 painéis previstos pelo Sitbus foram instalados até agora: 394 em vias públicas e 282 em estações do Move

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