Algas no rio Doce aumentam corrida por água mineral em Valadares

Do Hoje em Dia
25/10/2012 às 06:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:32
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

GOVERNADOR VALADARES – A presença de cheiro e gosto desagradáveis na água tratada fornecida à população de Governador Valadares, provocada pelas cianobactérias (algas) no rio Doce, vem causando um corre-corre dos moradores até as distribuidoras de água mineral da cidade. Em algumas, os estoques estão vazios e, em outras, foi necessário contratar mão de obra extra para atender a demanda.

A grande procura fez também surgir os oportunistas atravessadores. Nas mãos deles o galão de 20 litros que custa, em média, R$ 6,00 é revendido por R$ 8,00. “É um absurdo ter de comprar água. Já pagamos por ela mensalmente”, reclamou o comerciante Jaime Pacheco, 50 anos, que voltou de mãos vazias de uma tradicional distribuidora de água na avenida Minas Gerais, bairro Nossa Senhora das Graças. Ele já havia passado por outros três postos de revendas. “Não dá para beber a água de casa. O filtro de barro ou carvão ativado não eliminam o cheiro de peixe morto e gosto de ferrugem”.

Caminhões fechados

O dono da distribuidora, Gilson Dutra, de 40 anos, esperava a chegada de dois caminhões fechados, com 650 ou 700 galões de 20 litros cada. Mas não prometia a entrega a domicílio. “Não estamos dando conta de atender a demanda”, avisou, contando que antes das cianobactérias vendia 1.400 galões por semana, quantia que atualmente é por dia. “O ruim é não poder atender bem o cliente”.

A microempresária Néa Bonifácio, de 51 anos, abriu sua distribuidora na Ilha dos Araújos há dois meses e no começo vendia entre 15 e 20 galões por dia. Ontem, ela entregou 200 no balcão. “O problema da água é preocupante, mas é a causa do sucesso do meu negócio”, disse.

A falta de água mineral nas distribuidoras fez surgir os atravessadores. Um deles foi encontrado na Ilha dos Araújos. No domingo, quando já faltava água em várias revendas, ele vendeu o galão de 20 litros por R$ 8,00. “O negócio surgiu por causa da oportunidade. Ninguém está confiando nessa água que sai da torneira”, disse Mateus Francisco de Oliveira, de 18 anos.

Cianobactérias

A causa do gosto e cheiro na água é atribuída à presença de cianobactérias (algas) no rio Doce, única fonte de captação na cidade. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), atribui o problema à estiagem, que fez o nível do rio baixar e favorecer a floração das algas. O diretor do órgão, Omir Quintino, assegurou que mesmo com cheiro e gosto, a água está dentro dos padrões de potabilidade e é própria para o consumo.

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